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sábado, 20 de junho de 2020

O SÍNODO DE DORT FOI IMPARCIAL?

O SÍNODO DE DORT 
 Dordrecht



As persistentes diferenças teológicas finalmente envolveram o governo em uma batalha interna entre políticos rivais. Os calvinistas triunfaram com o príncipe Maurício do lado deles. Magistrados simpatizantes dos Arminianos foram substituídos. 

Isso pavimentou o caminho para o Sínodo Nacional que, após cartas enviadas_convidando_representantes estrangeiros, foi então reunido em Dordrecht em 13 de novembro de 1618 e encerrou em maio do ano seguinte.

Convencidos de que defendiam a verdade, cada delegado calvinista fez um juramento de seguir somente a Palavra de Deus e “visar 
a glória de Deus, a paz da Igreja, e especialmente a preservação da pureza da doutrina"

Então, ajuda-me, meu Salvador Jesus Cristo! Eu Te imploro a me assistir pelo Seu Santo Espírito”.


Os Calvinistas sempre celebraram Dort como o encontro de líderes mais piedosos da história, que seguiram sinceramente seu juramento. No entanto, na opinião de João Wesley, Dort foi tão imparcial quanto o Concílio de Trento¹. 

De fato, Dort foi convocado pelos oficiais do Estado favorecendo os CALVINISTAS, com o único propósito de apoiá-los e condenar os Arminianos, e, então, ele dificilmente pode ser considerado um tribunal imparcial e certamente não representou um consenso entre os crentes verdadeiros.

Além disso, os batistas que hoje destacam Dort como a articulação do que eles creem, como Vance destaca, “não estão apenas se sujeitando a um credo de uma igreja estatal reformada holandesa, como também estão seguindo Agostinho, pois como o teólogo reformado Herman Hanko afirma: 

"Nossos pais em Dordrecht conheciam bem que essas verdades demonstradas nos cânones não podiam apenas ser remontadas à Reforma de Calvino; elas podiam ser remontadas à teologia de Santo Agostinho [...].  Pois foi Agostinho que originalmente expôs essas verdades’.²   

Custance 
insiste que os Cinco Pontos foram ‘formulados implicitamente por Agostinho” 

Os Arminianos não foram permitidos pleitear seu caso como iguais, mas foram removidos do status de delegados para o de RÉUS, sendo posteriormente expulsos do Sínodo sumariamente e denunciados publicamente. 




Após Dort, os remonstrantes foram INTIMADOS a se retratarem, caso contrário seriam banidos. A história conta que mais de 200 ministros Arminianos foram removidos de seus púlpitos e muitos foram exilados. Houve uma tentativa de estabelecer uma teocracia calvinista cruel, onde somente o Calvinismo seria proclamado publicamente, mas isso permaneceu apenas por pouco tempo. No entanto, não foi antes de 1625 que a perseguição aos Arminianos cessou oficialmente.

Cairns chama o grande Sínodo de Dort de “uma assembleia calvinista internacional”, à qual os Arminianos “compareceram como ACUSADOS”. Os Calvinistas chamam Dort de “um símbolo do triunfo do Calvinismo ortodoxo na Holanda”. Louis Berkhof afirma que os “cinco cânones calvinistas minuciosos, nos quais as doutrinas da Reforma, e particularmente de Calvino, sobre os cincos pontos disputados, estão definidos com clareza e precisão”³.

Desde Dort, os Calvinistas têm saudado esses cânones como "uma fortaleza, uma defesa da verdade da Palavra de Deus concernente à nossa salvação”. 

Já temos citados uma variedade de líderes Calvinistas, no sentido de que os Cinco Pontos do Calvinismo são o Evangelho. Tais opiniões deveriam causar preocupação na igreja hoje, tendo em vista a ressurgência do Calvinismo pelos esforços de respeitados líderes evangélicos.


_________
1. 
Citado em Jacó Armínio, The Works of James Arminius, James e William Nichols, trad. (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1986), vol. 1, p. xiii

2. Herman Hanko, "Total Depravity” em Herman Hanko, Homer C. Hoeksema e Gise J. Van Baren, The Five Points of Calvinism (Grandvilie, MI: Reformed Free Publishing Association, 1976), pág. 10.


3. Louis Berkhof, The History of Christian Doctrines (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1937), pág. 152.




IRONIA ?

Hoje em dia há calvinistas que repudiam páginas de humor teológico, mas vejam como calvinistas nunca tiveram vergonha de ridicularizar o Arminianismo. Essa imagem foi usada em 1618, antes da realização do sínodo e foi adaptada com o título de "Arminianismo como monstro de cinco-cabeças", uma referência maldosa aos cinco pontos dos remonstrantes.








Moeda comemorativa 
cunhada por ocasião do Sínodo de Dort, que terminou em 1619, depois de mais de 125 sessões. Todos os participantes estrangeiros receberam a moeda em ouro. Os delegados nacionais foram premiados com uma de prata. A moeda tem um diâmetro de 58,5 mm .


Frutos do Sínodo de Dort



Avaliando o Sínodo de Dort e os Cinco Pontos do Calvinismo que ele pronunciou, ninguém pode evitar de reconhecer a natureza política do encontro. Cristo delineou uma linha muito clara de separação entre "as coisas que são de César e as coisas que são de Deus” (Marcos 12:17). 

Em trágico contraste, os líderes da igreja Calvinista agiram como instrumentos de César (o Estado) — e o Estado agiu em seu favor para punir seus oponentes. Que os Calvinistas junto com o Estado acusaram falsamente, perseguiram, aprisionaram e executaram alguns dos líderes Arminianos, deve ser também levado em consideração na avaliação de todo esse processo e de seus frutos — assim como na avaliação do próprio Calvinismo.

Embora Arminianos e Calvinistas desse tempo estivessem de acordo sobre a aliança Igreja-Estado, os Arminianos não desejaram utilizar o Estado para forçar suas visões sobre seus oponentes, mas apenas para proteger sua própria liberdade de consciência e prática.

Mesmo os Calvinistas admitem que “os teólogos" que compuseram o Sínodo de Dort mantinham geralmente que o magistrado civil estava designado a infligir dores e castigos como punição por heresia” e que em contraste, os Arminianos advogaram “tolerância e paciência com respeito às diferenças de opinião sobre assuntos religiosos”¹ª.


Considere, por exemplo, o caso dos quatro principais lideres do movimento Arminiano. João Uitenbogaert, que estudou em Genebra sob Beza, o sucessor de Calvino, e serviu como capelão do príncipe Maurício (filho e sucessor de Guilherme de Orange), foi exilado após o Sínodo de Dort e teve seus bens confiscados. 

Simão Episcópio, professor de Teologia e principal porta-voz dos Arminianos em Dort, foi banido. Jan van Oldenbarnevelt, que foi advogado geral da Holanda e um herói nacional por ajudar Guilherme de Orange a negociar a União de Utrecht, foi acusado falsamente de traição e foi decapitado. 

Hugo Grócio, um advogado famoso, conhecido mundialmente por sua especialidade em Direito Internacional, foi sentenciado à prisão perpétua, mas escapou e mais tarde se tornou o embaixador suíço em Paris.

Que base bíblica alguém poderia propor para exigir tais penas por discórdias doutrinárias? Se os Calvinistas poderiam estar tão errados em tantas coisas tão importantes, eles também não poderiam estar errados em algumas concepções teológicas básicas? 

No entanto, apesar de completas deturpação e desobediência concernentes a assuntos vitais e fundamentais dos ensinos do Novo Testamento, como a separação entre a Igreja e o Estado (João 15:14-21; 16:33; 1 João 2:15-17) e nenhuma imposição de crença por força, esses homens são saudados como "grandes teólogos” e as doutrinas que eles impuseram por meio da FORÇA sobre outros são abraçadas como a verdade de Deus — agora chamadas de “a Fé Reformada” e “as Doutrinas da Graça” — que devem ser aceitas por todos. 

A igreja, uma vez perseguida, agora perseguiu companheiros crentes!
______________________________________________________________________________1ª William Cunningham, The Reformers and the Theology of the Reformation (Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1967), vol. 2, p. 381; citado em Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism, ed. rev. (Pensacola, FL: Vance Publications, 1999), pág. 153.



ALGUMAS OPINIÕES SOBRE O SÍNODO DE DORT

O famoso rei Tiago, a quem foi dedicada a versão “King James” , criticou duramente a decisão do Sínodo de Dort, dizendo:


“Esta doutrina é tão horrível, que eu estou persuadido que, se houvesse um concílio de espíritos imundos reunidos no inferno, e seu príncipe o diabo fosse colocar a questão a todos eles em geral, ou a cada um em particular, para aprender sua opinião sobre o meio mais provável de incitar o ódio dos homens contra Deus seu Criador; nada poderia ser inventado por eles que seria mais eficaz para este propósito, ou que poderia colocar uma afronta maior sobre o amor de Deus pela humanidade, do que esse infame decreto do recente Sínodo, e a decisão dessa detestável fórmula, pela qual a imensa maioria da raça humana é condenada ao inferno por nenhuma outra razão senão a mera vontade de Deus, sem qualquer consideração pelo pecado; a necessidade de pecar, assim como a de ser condenado, estando fixado sobre eles por esse grande prego do decreto previamente mencionado”²ª.


 
__________________
2ª. Rei Tiago da Inglaterra, citado em Works of Arminius, vol. 1, p. 213.



Não é de se surpreender que o sínodo condenou as doutrinas arminianas como antibíblicas e emitiu os infames Cânones de Dort propondo os Cinco Pontos do Calvinismo.




Laurence comenta




CONCLUSÃO



Os assim chamados sínodos, concílios e confissões reformadas, e os decretos que eles geraram, que muitos calvinistas de hoje honram como afirmando a verdadeira doutrina de Cristo, foram realiza dos por uma igreja estatal, estabelecidos em parceria com o governo civil — contrariamente ao que ensina a Palavra de Deus. Sempre a preocupação prioritária era a unidade, e aqueles que não concordaram com a posição da maioria foram silenciados, perseguidos, aprisionados, banidos e, às vezes, executados.


Exatamente como a Igreja Católica Romana perseguiu e matou aqueles que não concordaram com seu declínio ao longo dos séculos, as novas igrejas protestantes estabelecidas passaram então a fazer o mesmo. 


Obras que contribuíram para elaboração desta matéria

Que amor é este ? - Dave Hunt - Editora Reflexão - págs 145 à 153

Contra o Calvinismo - Roger E. Olson - Ed. Reflexão - págs 87-153-154 -

O outro lado do Calvinismo - Laurence  M. Vance - págs 171 - 317




"sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".

Filipenses 1:17

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