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segunda-feira, 10 de abril de 2023

CRISTO É O PRIMOGÊNITO DA CRIAÇÃO ?

 



Em Colossenses 1:15, lemos:

“O qual è a imagem do Deus invisível o primogênito de toda a criação 


Se Cristo é o primogênito na criação, então como ele pode ser Deus ?


PRIMEIRO

João começa seu Evangelho dizendo o seguinte:  “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… e o Verbo se fez carne e habitou entre nós…” (Jo 1:1-14)


É assim que o Apóstolo João começa a narrativa do seu Evangelho, referindo-se a Jesus como o Verbo, a Palavra de Deus, que não só existia desde a eternidade, como era Deus. Um dos objetivos de João era combater heresias da época que negavam a divindade de Cristo. Por isso, João escreve esse prólogo maravilhoso em seu Evangelho, remetendo à criação do Mundo em Gênesis, onde Deus cria todas as coisas por meio da sua Palavra. “Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gn 1:3). É essa palavra, o Verbo que cria todas as coisas, que estava com Deus na criação.


João declara que Cristo afirmou ser eterno e igual a Deus (Jo 1:1; 8:58; 20:28). E o apóstolo Paulo ?  Em Colossenses 1:18 está querendo dizer que Cristo era apenas urna criatura, o primogênito (criado) no universo ?


Paulo com clareza declara que Cristo é Deus nessa mesma carta, ao dizer que:  "ele criou todas as coisas (1:16) e que nele habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (2:9). A referência a Cristo como "primogênito" não significa ser Ele o primogênito na criação, mas o primogênito de toda a criação (v. 15), uma vez que "ele é antes de todas as coisas" (v. 17). "Primogênito", nesse contexto, não significa o primeiro a nascer, mas o herdeiro de todas as coisas, o Criador e proprietário de tudo. Sendo o Criador de "todas as coisas", ele não pode ter sido um ser criado.¹



SEGUNDO

Muitos que se dizem cristãos, dizem que Jesus não pode ser Deus porque Ele é chamado na Bíblia de o “primogênito da criação de Deus”, sendo assim não é eterno, e nem Deus, mas criatura. Este pensamento está baseado numa interpretação errada de Colossenses 1.15, que diz: “O qual è a imagem do Deus invisível o primogênito de toda a criação ”. 


O texto diz que Jesus é o primogênito de toda a criação e não o primogênito de Deus. A Bíblia ensina que o primogênito nem sempre significa ser o primeiro de uma série, como querem alguns. A palavra “primogênito” aparece como uma posição de destaque, como diz o Salmo 89.27: “Também por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra”. Esse primogênito não quer dizer o mais velho ou o primeiro numa série, mais uma posição de destaque, de preeminência, uma posição de primazia, que significa domínio. Isso pode ainda ser visto com relação à igreja, cujos membros são chamados de primogênitos.


Em Hebreus 12.23, lemos: “A universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos”. Agora, procure o leitor aqui tirar a palavra - primogênito - do versículo e trocar pela expressão: "o mais velho" ou "o primeiro de uma série";  e veja o absurdo.


Sabemos que o povo de Israel não foi o primeiro povo da terra. Antes mesmo de Abraão já existiam os sumérios, os acádios, os amorreus, nos dias de Abraão haviam os egípcios, os cananeus, os heteus, e muitos outros povos. No entanto, o povo de Israel é chamado de primogênito, em Êxodo 4.22: “Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito”. Outro exemplo: Efraim, filho, mais novo de José, e que nasceu no Egito, é chamado de primogênito, embora seja o mais novo, assim está escrito no profeta Jeremias 31.9: “...porque sou um pai para Israel e EJraim é o meu primogênito". 


A palavra primogênito no hebraico é bechor e no grego protótokos e traz consigo esses dois significados: os mais velhos de uma família ou mesmo do gado - o primeiro numa série; ou ainda o preeminente, aquele que tem primazia e domínio. Os melhores léxicos gregos e hebraicos autenticam essa verdade, Samuel P. Genesius Tregelles - Joseph Henry Thayer e apesar de serem unitaristas, não reconhecem que Paulo esteja nessa passagem incluindo Jesus na categoria das criaturas


Agora vamos analisar aqui em qual desses dois significados se encaixa a palavra “primogênito” em Colossenses 1.15, à luz do próprio texto. Vejamos o que dizem os quatro versículos que vêm logo em seguida: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele ê a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência" (Cl 1.16­ 18). 


Somente a expressão: E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele, afirma categoricamente que Ele não faz parte da criação, mas é o próprio Criador. Isso está perfeitamente alinhado com o pensamento bíblico dos profetas Isaías 9:6  e Miquéias 5:2 e com o escritor aos Hebreus 13:8. O texto diz aqui que Jesus é criatura ou que ele é o Criador e o Preeminente sobre todas as suas criaturas? Só mesmo aqueles que estão aprisionados pelo preconceito, como muitos que se dizem cristãos, podem negar a eternidade ou divindade de Cristo com base neste texto isolado, porque a Bíblia não ensina em nenhum lugar ser Jesus uma criatura de Jeová Deus, antes o contrário, ensina que Ele mesmo, isto é, Jesus Cristo, é Javé Deus.²


CONCLUSÃO


A Expressão < O PRIMOGÊNITO DE TODA A CRIAÇÃO >  não significa que Cristo foi um ser criado. Pelo contrário, "primogênito" tem o significado que frequentemente lhe é atribuído no AT: "O primeiro quanto à posição", "herdeiro" ou "preeminente", como em Êx.  4.22; Jr. 31.9; ver no Sl. 89.27, onde "primogênito" é aplicado à condição de Davi como rei, apesar de não ser ele primogênito. Cristo é herdeiro e soberano de toda a criação, como o Filho eterno (cf. v. 18; Hb 1.1,2). 


No verso 16, afirma que NELE FORAM CRIADAS TODAS AS COISAS. Paulo afirma a atividade criadora de Cristo. Todas as coisas, tanto as materiais quanto as espirituais, devem sua existência à obra de Cristo como comparecerem agente ativo na criação (Jo 1.3; Hb 1.2). Bem como todas as coisas subsistem e são sustentadas por Ele (v. 17; Hb 1.3;)³


__BIBLIOGRAFIA______________________________________

1. MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia, por  Norman Geisler - Thomas Howe, p. 335


2. Como responder as Testemunhas de Jeová, por Esequias Soares da Silva, p. 217, 218


3. Bíblia de Estudo Pentecostal - Editora CPAD - Nota sobre Colossenses 1:15,16, p. 1834



"...sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho de Jesus Cristo"

Filipenses 1:17.



quinta-feira, 6 de abril de 2023

ARMÍNIO E A TEOLOGIA REFORMADA




Certamente que a maioria dos calvinistas consideram o Arminianismo uma heresia. A Internet está repleta deles. Tudo o que precisamos fazer para confirmar isto é digitar: Arminianismo em qualquer sistema de busca e observar todos os sites calvinistas que condenam o Arminianismo como herético. 


Entretanto, muitos calvinistas moderados ou pensadores e líderes Reformados tem se aberto ao Arminianismo e abraçado-o como uma expressão válida da Teologia Reformada.  Diante disso é pertinente o levantamento de algumas perguntas:


  • Mas onde estão os Arminianos nesta discussão? 


  • Os Arminianos consideram sua teologia Reformada? 


  • Armínio considerava sua teologia Reformada? 


Aqui nós mergulharemos em um pântano de opiniões diversas. Um famoso teólogo declarou que o Calvinismo é a pior heresia que já surgiu na história da igreja.⁰


Essa opinião pode certamente ser encontrada entre muitos Arminianos, como eu por exemplo.


Outros simplesmente desejam manter distância entre essa polêmica e todas as variedades do Calvinismo. 


Outros preferem o título de moderadamente reformados ou ainda mesmo serem chamados de "Calminianos", apontando para um híbrido mítico e impensável junção entre o Calvinismo e Arminianismo! Mas receio ser isso impossível.


Um dos mais autênticos estudiosos do Arminianismo do século XX foi o Metodista Carl Bangs, que escreveu uma biografia teológica magistral de Armínio intitulada: 

Arminius - A Study in the Dutch Reformation (1985). 


Bangs cresceu no meio do movimento de santidade (Holiness). Sua irmã escreveu livros sobre Teologia Arminiana para os Nazarenos. No entanto, em sua obra, Bangs partiu da crença popular de que o teólogo holandês se opunha a tudo do Calvinismo ou sobre a Teologia Reformada, e apontou suas repetidas tentativas de enfatizar a base comum deles. 


Uma história popular sobre Armínio, é que ele era um calvinista rígido comprometido, até que foi convidado a analisar e refutar os ensinamentos de um Reformador radical que rejeitava os ensinamentos calvinistas acerca da predestinação. 


De acordo com essa história, Armínio convencido pela verdade da teologia sinergista de Dirk Coornhert, teve então seus olhos abertos, sacudiu a poeira de seus pés e abandonou a Teologia Deformada Calvinista. 


Bangs dissipa essa lenda como mito ou pelo menos como não provada e improvável. Pelo contrário, Armínio nunca adotou totalmente o monergismo de Beza ou de Calvino: 


“Todas as evidências apontam para uma conclusão: Armínio não estava de acordo com a doutrina da Predestinação de Beza quando assumiu seu ministério em Amsterdam na Holanda. Na verdade, ele provavelmente nunca esteve de acordo com ela.”¹


Todavia, de acordo com Bangs, Armínio sempre considerou a si mesmo Reformado e alinhado com os grandes reformadores suíços e franceses, como Zwinglio, Calvino e Bucer. Armínio foi aluno de Beza, sucessor de Calvino, em Genebra, e recebeu uma carta de recomendação dele para a Igreja Reformada de Amesterdã. 


Parece altamente improvável que o pastor-chefe de Genebra e principal de sua academia Reformada, não saberia as inclinações teológicas de um de seus mais brilhantes alunos.


Qual é a explicação para tudo isso? 


Segundo Bangs e alguns outros historiadores, no tempo de Armínio, as igrejas Reformadas das Províncias Unidas eram genericamente Protestantes ao invés de rigidamente Calvinistas.²


Enquanto eles aceitaram o Catecismo de Heidelberg como declaração primária de sua fé, eles não exigiram dos ministros ou teólogos que aderissem às doutrinas do Calvinismo consistentemente desenvolvidas em Genebra sob a coordenação de Beza. 


Armínio realmente parece ter ficado chocado e surpreso com a oposição montada pelos calvinistas contra o seu sinergismo evangélico; pois ele estava acostumado com um tipo de Teologia Reformada que permitia a diversidade de opiniões no que dizia respeito aos detalhes da salvação. De acordo com Bangs, “os mais antigos reformadores” das Províncias Unidas não eram calvinistas mais do que eram luteranos. 


Sua teologia era uma combinação geral e talvez exclusiva das duas alas principais do Protestantismo, e permitia que as pessoas se inclinassem em uma direção, incluindo o sinergismo do luteranismo de Melanchthon, ou outra, incluindo o Calvinismo bastante extremado de Beza, conhecido como supralapsarianismo.


Mas Franciscus Gomarus, que fora colega de Armínio na Universidade de Leiden, alegou que o Calvinismo rígido (TULIP) estava fundamentado pelos padrões doutrinários das igrejas e universidades holandesas, assim ele lançou um incisivo ataque contra os moderados, incluindo Armínio.


No início, a campanha para impor o Calvinismo consistente foi mal-sucedida; conferências da igreja e estado questionando a teologia de Armínio rotineiramente isentaram-no de heterodoxia, até que a política começou a intrometer-se. De alguma forma Gomarus e outros calvinistas consistentes conseguiram convencer os governantes das Províncias Unidas e, especialmente, o príncipe Mauricio de Nassau, que somente a Teologia deles fornecia proteção segura contra a influência da Igreja Católica espanhola. 


As Províncias Unidas ainda estavam envolvidas em uma prolongada guerra de libertação contra a dominação espanhola e católica durante a vida de Armínio.³ 


Após a morte de Armínio, o governo passou a interferir mais e mais na controvérsia teológica sobre a predestinação nas Províncias Unidas e, eventualmente, o príncipe Maurício expulsava Arminianos de posições governamentais, sendo que, um foi executado e outros foram presos. 


Quando o Sínodo da igreja nacional foi realizada em Dort em 1618-1619, o partido calvinista consistente tinha o apoio do governo. Os Remonstrantes foram privados de participar, exceto como réus; eles foram condenados como hereges e expulsos de suas posições; suas propriedades foram tomadas, e eles foram banidos do país. 


Assim que o príncipe Maurício morreu em 1625, o partido calvinista perdeu sua mão de ferro e os Remonstrantes encontraram seu caminho de volta para o país, onde fundaram igrejas e um seminário. A questão é que a Igreja Protestante holandesa no princípio conteve diversidade teológica; ambos monergistas e sinergistas estavam representados. Somente o poder do príncipe permitiu o partido monergista controlar a igreja, e com o poder do estado para perseguir sinergistas. 


Armínio sempre pensou em si mesmo como Reformado em um sentido amplo. Para sua maneira de pensar, o Calvinismo rígido era apenas um ramo da Teologia Reformada; ele pertencia a outro. Isso não fazia dele menos Reformado. Bangs discorda de Richard Muller, que argumenta que Armínio e sua teologia representam uma mudança radical do pensamento Reformado. 


Para Bangs, Armínio e sua teologia representam uma variedade do pensamento Reformado, mesmo que seja fora da tendência. 


OU SEJA, o Arminianismo é uma correção ou refinamento da Teologia reformada, ao invés de uma separação dela. “Armínio permanece firmado na tradição da Teologia Reformada em insistir que a salvação é somente pela GRAÇA e que a capacidade ou mérito humano deve ser excluído como causa de salvação. É a fé em Cristo somente que coloca um pecador na companhia dos eleitos”.⁴


A correção feita por ARMÍNIO consiste na rejeição do monergismo rígido, o qual muitos vieram a considerar ser a própria Teologia Reformada. Na mente de Armínio o monergismo não era necessário para a Teologia Reformada; tendo ele preferido concentrar-se sobre a base comum que ele compartilhava com outros pensadores Reformados do que em seus pontos de desacordo. Embora, muitas vezes era compelido a declarar suas opiniões discordantes das versões mais extremas do calvinismo.


A opinião de que Armínio e o Arminianismo clássico fazem parte da tradição Reformada mais ampla e não são o oposto do Calvinismo, é compartilhada por muitos estudiosos. O teólogo holandês Gerrit Jan Hoenderdal diz, “Muito Calvinismo pode ser encontrado na Teologia de Armínio; mas ele tentou ser um calvinista de uma forma bastante independente”.⁵


Ele confirma a declaração de Bangs de que isso foi comumente aceito nas igrejas e universidades holandesas antes da época de Armínio, mas que uma certa rigidez foi estabelecida para o Calvinismo durante a carreira de Armínio na Universidade de Leiden.⁶ 


James Luther Adams concorda. Segundo ele, Armínio manteve as características fundamentais do Calvinismo.⁷ 


Estas incluem ênfase no supremo poder da GRAÇA como necessário até mesmo para os primeiros movimentos do coração em direção a Deus e a ênfase sobre a salvação como um dom gratuito que não pode ser adquirido ou merecido. 


Donald Lake concorda e diz que Armínio era “na maioria dos pontos um calvinista moderado”.⁸ 


Howard Slaatte também concorda. Segundo ele, Armínio trouxe ajustes à Teologia Reformada; ele não desligou-se dela. Mais tarde os Remonstrantes, que Slaatte chama de “quase-arminianos” (quase certamente Philip Limborch), separaram-se do verdadeiro Arminianismo, aquele mantido por Armínio e sua primeira geração de seguidores (Episcopius e os outros Remonstrantes anteriores). 


Ele chama Armínio de um “calvinista de esquerda” e afirma que, enquanto Pelágio era um moralista, Armínio foi um verdadeiro produto da Reforma Protestante.⁹ 


Slaatte corretamente assevera, que Armínio só procurou modificar o fluxo do Calvinismo:


A verdadeira Teologia Arminiana - que é fiel a Armínio - sempre mostra um profundo respeito pela primazia da fé ligada à GRAÇA de Deus e pela doutrina da pecaminosidade do homem, enquanto que, ao mesmo tempo, reivindica uma consistente responsabilidade do homem no relacionamento salvífico.¹⁰


Slaatte ainda assevera que Armínio permaneceu fiel à causa reformada:


Assim, o fator de resposta (na pessoa humana, de acordo com Armínio  pode ser descrito como uma qualificação da graça, inspiração da graça e direcionamento da graça à liberdade. O pecador pode pecar livremente sucumbindo às tentações e à coação do mal em sua vida, mas ele somente pode responder livremente à graça, à medida que ela tocá-lo através da Palavra de iluminação do Espírito.¹¹


Até mesmo um conservador e respeitável teólogo Arminiano como H. Orton Wiley considera Armínio e o Arminianismo como uma correção da Teologia reformada em vez de uma total separação dela: 

“Em sua mais pura e melhor forma, o Arminianismo preserva a verdade encontrada nos ensinamentos Reformados sem aceitar seus erros”.¹²


Por Roger E. Olson – "Teologia Arminiana: Mitos e Realidades".


Extraído do aplicativo CACP RESPONDE 


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[0] Vance, Lawrence M., O Outro lado do Calvinismo, p. 5


[1] Carl Bangs, Arminius (Grand Rapids: Zondervan, 1985), p. 141.

[2] Ibid., p. 198.

[3] A complexa história da controvérsia que cerca Armínio e seus seguidores nos anos que conduzem ao Sínodo de DORT é magistralmente relatada em A.W. Harrison, The Beginnings of Arminianism to the Synod of Dort(London: University of London Press, 1926).


[4] Bangs, Arminius, p. 198.


[5] Gerrit Jan Hoenderdaal, “The Life and Struggle of Arminius in the DutchRepublic,” in Man’s Faith and Freedom: The Theological Influence of Jacobus Arminius, ed. Gerald O. McCulloh (Nashville: Abingdon, 1962), p. 25.


[6] Ibid.


[7] James Luther Adams, “Arminius and the Structure of Society,” in Man’s Faith and Freedom, ed. Gerald O. McCulloh (Nashville: Abingdon, 1962), p. 94.


[8] Donald M. Lake, “Jacob Arminius’s Contribution to a Theology of Grace,” in Grace Unlimited, ed. Clark Pinnock (Minneapolis: Bethany House, 1975), p. 232.


[9] Howard A. Slaatte, The Arminian Arm of Theology (Washington, D.C.: University Press of America, 1979), pp. 19, 23.


[10] Ibid., p. 24.


[11] Ibid., p. 66.


[12] H. Orton Wiley, Christian Theology (Kansas City, Mo.: Beacon Hill, 1941), 2:107.

INQUISIÇÃO PROTESTANTE ?

 


Existiu uma Inquisição Protestante como a Inquisição promovida pela Igreja Católica?


O historiador britânico Paul Johnson, católico, conservador e anti-comunista, assim se refere aos Protestantes:


"Os Estados protestantes tendem a ser os principais beneficiários desta série internacional de movimentos religiosos. Eles poderiam ter uma religião oficial, mas tendem a ser mais tolerantes. Raramente empreendiam perseguição sistemática. Não havia neles o equivalente a inquisição. Eles não eram clericalistas. Permitiam que os livros circulassem com mais liberdade. Não abusavam o comércio com o direito canônico. Eles aceitaram a religião "privada" e colocaram o casamento e a família, no meio da mesma. Portanto, melhor se harmonizavam em uma comunidade capitalista. Em última análise, as sociedades protestantes apareceram para alcançar muito mais sucesso do que a católica, na medida que se desenvolvia o sistema capitalista. Esta questão já foi observado em 1804 por Charles de Viller em seu Charles de Viller en su Essai sur l'esprit et l'influence de la réformation de Luther".


Paul Johnson, A History of Christianity, pag 282-283. Traducão: Aníbal Leal e Fernando Mateo, Edição 1: Setembro 2010.


Os apologistas católicos no afã de querer mascarar a Inquisição promovida pela Igreja Católica afirmam que os atos de intolerância religiosa promovidos por protestantes podem ser considerados equivalentes aos atos de uma de Inquisição, porque supostamente, teriam a mesma finalidade da Inquisição Católica ainda que em menor escala. 


Concluem os apologistas católicos que, como tais atos não deixam de ser ações repressivas e opressivas, seguidas de punição da heresia como crime, então, o termo Inquisição Protestante é totalmente aplicável, segundo os teólogos católicos.


Apesar dos erros injustificáveis e abusos cometidos pelo Protestantismo, não existe nada que aponte para o termo Inquisição Protestante. 


Já com a Inquisição Católica, existem vários documentos históricos e fidedignos que atestam, que a perseguição promovida pela Igreja Romana, era uma perseguição fanática, indiscriminada e sistemática de quem desafiasse a autoridade da Igreja e seu papado, o que não ocorria com o Protestantismo.


Evidentemente que seria hipocrisia fechar os olhos às perseguições promovidas pelo Protestantismo, mas seria desonesto afirmar que Protestantes promoveram práticas inquisitórias e perseguições equivalentes ou até mais cruéis que as promovidas pela Igreja Católica.


MARTINHO LUTERO



Infelizmente não podemos tapar o sol com peneira e jogar pra debaixo do tapete as sujeiras praticadas pelo Protestantismo "Em Nome de Deus". Impossível abordar esse assunto e não trazer à baila, o Antissemitismo praticado por Lutero, bem como outros Pais da Igreja como Justino, Tertuliano, Cipriano, Crisóstomo, Agostinho, que desgraçadamente fizeram pronunciamentos antissemitas e macularam o Evangelho de Cristo.


No entanto o antissemitismo praticado por Lutero não é prova suficiente de uma Inquisição similar como a praticada pelo romanismo.


A alegação também de uma suposta "Inquisição Protestante" sobre os fatos como o ocorrido entre Lutero e os anabatistas ou no caso, dos camponeses, também não podem ser equivalentes a um sistema de uma Inquisição como promovidos pela ICAR.


JOÃO CALVINO




O caso de Lutero e a perseguição aos Anabatistas, a Teocracia imposta em Genebra, e o famoso caso do assassinato de Miguel Servetus, pelas mãos de Calvino, não são eventos que equivalem a uma forma de perseguição sistemática nos moldes de uma Inquisição, como imposto pela Igreja Romana.


BRUXAS DE SALÉM 


Os católicos também, sempre irão citar o caso isolado das "Bruxas de Salém", ou da "caça as Bruxas", onde muitas mulheres morreram nas fogueiras nas supostas "Inquisições Protestantes". Eles se baseiam no caso envolvendo Benedict Carpzov, dentre outros eventos que historicamente são casos distintos e que devem ser analisados pontualmente, mas nada semelhante a algum tipo de Inquisição Sistemática como conhecida e promovida pela Igreja Católica Romana por séculos.


Longe do "Blog Oráculos Divinos" usar de má-fé, e de partidarismo evangélico ou ainda, ser tendencioso e negar a verdade. Nós cristãos evangélicos devemos assumir nossos erros, lamentarmos profundamente por ATOS DE CRUELDADE praticados, como o assassinato do espanhol Miguel Servetus por Calvino e por muitos outros protestantes e não negar o fato: "De que houveram erros SIM, praticados e promovidos por nossos antepassados protestantes, que foram INADMISSÍVEIS, mas que foram pontuais e não podem ser considerados como atos cometidos por um Tribunal Eclesiástico, mas também é importante frisar que o exame das Escrituras levou os reformadores a reconhecer e deixar esses erros, que no entanto foram cometidos de forma sistemática pela Igreja Católica".


A Inquisição Católica foi um Tribunal da Igreja Romana, que, usou lei romana para investigar e punir a heresia, entregando assim o condenado, impenitente e "herege" para ser torturado e posteriormente executado, caso não negasse a sua fé.


CONCLUSÃO 


Portanto, em suma, a INQUISIÇÃO CATÓLICA foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade de investigar e punir os crimes contra a fé católica romana e todos aqueles que desafiaram a autoridade do Papa. 


Quanto a nós Protestantes, evidentemente nunca tivemos isso. As igrejas protestantes nunca tiveram esse tipo de autonomia, embora os calvinistas tenham chegado muito perto, em Genebra, no caso de Miguel Servetus, por exemplo.


Por mais que atos condenáveis e muitas atrocidades que foram cometidas por Protestantes, NUNCA houve uma Inquisição Protestante. Para existir, deveria haver uma AUTORIDADE PROTESTANTE gerada por uma doutrina, e perseguições comandadas por suposto amparo doutrinário, bem como a existência de um Tribunal Eclesiástico, lembrando que a regra máxima do Protestantismo foi o SOLA-SCRIPTURA e não o Papa ou a Igreja.


Já a Inquisição Católica foi COMANDADA de alto à baixo pelo sacerdócio católico, sendo exercida pelo comando papal, por Concílios, como o de Toolouse por exemplo, tendo a anuência do clero católico em peso , onde foram estabelecidos  pela Igreja Romana TORTURADORES OFICIAIS, baseados na velha cantilena mentirosa de que 'fora da ICAR não há salvação’.


O fato é que a Inquisição Católica consumiu centenas de vezes mais não-católicos-romanos do que qualquer perseguição promovida por protestantes.  Durante séculos, antes e depois da Reforma, por cerca de 1.200 anos, a Igreja Católica Romana, ao mesmo tempo em que estava matando judeus aos milhares, passou a torturar e matar cristãos aos milhões que ousaram desafiar a autoridade dos Papas.



Enfim, qualquer "Cristianismo", no entanto, que tenha sido difundido pela espada e violência foi uma fraude. Qualquer pessoa ou autoridade clerical que afirma ou afirmou ser um cristão, age ou agiu com violência contra outra pessoa, tanto para defender ou difundir a fé "cristã", está ou estava agindo em clara oposição aos ensinamentos da Bíblia e de Cristo e de seu exemplo. Isso NUNCA será Cristianismo !


Quando Tiago e João, voltaram da pregação da mensagem do Evangelho por todo o Israel, os dois discípulos estavam aborrecidos, porque algumas pessoas tinham se recusado a ouvir a mensagem do Evangelho. Eles então perguntaram à Jesus:


"Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?" (Lucas 9:54).


Jesus então respondeu:


"Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las." [Lucas 9:55-56].


Em nenhum lugar nas Sagradas Escrituras Jesus mandou matar alguém que discordasse dele, tampouco ensinou que seus seguidores fizessem isso. Nenhum dos apóstolos deu essa instrução à Igreja mais tarde no Novo Testamento.


OU SEJA, tanto as perseguições promovidas pelo Protestantismo que chegaram muito perto de uma Inquisição Católica,  quanto as perseguições promovidas de forma sistemática pela Igreja Católica através da "Santa Inquisição" não tem nada de Cristianismo e devem ser repudiadas por qualquer pessoa de bem.


Extraído do site:

Resistência Apologética,  com acréscimos meus.


"... sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".

(Filipenses 1:17)



quarta-feira, 5 de abril de 2023

A ORIGEM DA PÁSCOA

 


CONTEXTO HISTÓRICO


Desde que Israel partiu do Egito em cerca de 1445 a.C., o povo hebreu (posteriormente chamado “judeus”) comecou a celebrar a Páscoa todos os anos, na primavera (em data aproximada da sexta-feira santa). Depois de os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó passarem mais de 400 anos de servidão no Egito, Deus decidiu libertá-los da escravidão. 


Suscitou então Moisés e o designou como o líder do Êxodo (3 — 4). Em obediência ao chamado de Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe transmitiu a ordem divina: “Deixa ir o meu povo.” Para conscientizar Faraó da seriedade dessa mensagem da parte do Senhor, Moisés, mediante o poder de Deus, invocou pragas como julgamentos contra o Egito. No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo ir, mas, a seguir, voltava atrás, uma vez a praga sustada. Soou a hora da décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma outra alternativa senão a de lançar fora os israelitas. 




Deus então, mandou um anjo destruidor através da terra do  Egito para eliminar “todo primogênito... desde os homens até aos animais” (12.12). 


Visto que os israelitas também habitavam no Egito, como poderiam escapar do juízo do anjo destruidor? O Senhor emitiu uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria a proteção divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família tinha de tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e sacrificá-lo ao entardecer do dia 14 do mês de Abibe; famílias menores podiam repartir um único cordeiro entre si (12.4). Parte do sangue do cordeiro sacrificado, os israelitas deviam aspergir sobre as duas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas, daí o termo Páscoa, do hb. pesah, que significa “pular além da marca”, “passar por cima”, ou “poupar”. Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte executada contra todos os primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-o para o advento do “Cordeiro de Deus,” que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo.(Jo. 1.29). [Expiação Universal negada por calvinistas].


Naquela noite específica, os israelitas deviam estar vestidos e preparados para viajar (12.11). A ordem recebida era para assar o cordeiro e não fervê-lo, e preparar ervas amargas e pães sem fermento. Ao anoitecer, portanto, estariam prontos para a refeição ordenada e para partir apressadamente, momento em que os egípcios iam se aproximar e rogar que deixassem o país. Tudo aconteceu conforme o Senhor dissera (12.29-36). 


A PÁSCOA NA HISTÓRIA ISRAELITA. 


A partir daquele momento da história, o povo de Deus ia celebrar a Páscoa toda primavera, obedecendo as instruções divinas de que aquela celebração seria “estatuto perpétuo” (12.14). 


Era, porém, um sacrifício comemorativo, exceto o sacrifício inicial no Egito, que foi um sacrifício eficaz. Antes da construção do templo, em cada Páscoa os israelitas reuniam-se segundo suas famílias, sacrificavam um cordeiro, retiravam todo fermento de suas casas e comiam ervas amargas. Mais importante: recontavam a história de como seus ancestrais experimentaram o êxodo milagroso na terra do Egito e sua libertação da escravidão ao Faraó. Assim, de geração em geração, o povo hebreu relembrava a redenção divina e seu livramento do Egito (ver 12.26 nota da Bíblia de Estudo Pentecostal). Uma vez construído o templo, Deus ordenou que a celebração da Páscoa e o sacrifício do cordeiro fossem realizados em Jerusalém (Dt 16.1-6). 


O AT registra várias ocasiões em que uma Páscoa especialmente relevante foi celebrada na cidade santa (2ªCr. 30.1-20; 35.1-19; 2° Rs. 23.21-23; Ed. 6.19-22). Nos tempos do NT, os judeus observavam a Páscoa da mesma maneira. O único incidente na vida de Jesus como menino, que as Escrituras registram, foi quando seus pais o levaram a Jerusalém, aos doze anos de idade, para a celebração da Páscoa (Lc 2.41-50). 


Posteriormente, Jesus ia cada ano a Jerusalém para participar da Páscoa (Jo. 2.13). A última Ceia de que Jesus participou com os seus discípulos em Jerusalém, pouco antes da cruz, foi uma refeição da Páscoa (Mt. 26.1, 2, 17-29). O próprio Jesus foi crucificado na Páscoa, como o Cordeiro pascoal (cf. 1Co 5.7) que liberta do pecado e da morte TODOS aqueles que nEle creem.


Os judeus hoje continuam celebrando a Páscoa, embora seu modo de celebrá-la tenha mudado um pouco. Posto que hoje não há em Jerusalém um templo para se sacrificar o cordeiro em obediência ao que diz Dt. 16.1-6, a festa judaica contemporânea é chamada de Seder, já não é celebrada com o cordeiro assado. Mas as famílias ainda se reúnem para a solenidade. Retiram-se cerimonialmente das casas judaicas, e o pai da família narra toda a história do êxodo.


A PÁSCOA E JESUS CRISTO


Para os cristãos, a Páscoa contém rico simbolismo profético a falar de Jesus Cristo. O NT ensina explicitamente que as festas judaicas “são sombras das coisas futuras” (Cl 2.16,17; Hb 10.1), i.e., a redenção pelo sangue de Jesus Cristo. Note os seguintes itens em Êxodo 12, que nos fazem lembrar do nosso Salvador e do seu propósito para conosco.


1) O âmago do evento da Páscoa era a graça salvadora de Deus. Deus tirou os israelitas do Egito, não porque eles eram um povo merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era fiel ao seu concerto (Dt. 7.7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de Cristo nos vem através da maravilhosa graça de Deus. (Ef 2.8-10; Tt 3.4,5).


2) O propósito do sangue aplicado às vergas das portas era salvar da morte o filho primogênito de cada família; e esse fato prenuncia o derramamento do sangue de Cristo na cruz a fim de nos salvar da morte e da ira de Deus contra o pecado (12.13, 23, 27; Hb 9.22).


3) O Cordeiro Pascoal era um “sacrifício” (12.27) a servir de substituto do primogênito; isto prenuncia a morte de Cristo em substituição à morte do crente (ver nota de Rm. 3.25 - Bíblia Estudo Pentecostal). Paulo expressamente chama Cristo nosso Cordeiro da Páscoa,que foi sacrificado por nós, na epístola de 1ª Co 5.7.


4) O cordeiro macho separado para morte tinha de ser “sem mácula” (12.5); esse fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o perfeito Filho de Deus (Jo. 8.46; Hb. 4.15).


5) Alimentar-se do cordeiro representava a identificação da comunidade israelita com a morte do cordeiro, morte esta que os salvou da morte física (1Co. 10.16,17; 11.24-26). Assim como no caso da Páscoa, somente o sacrifício inicial, a morte dEle na cruz, foi um sacrifício eficaz. Realizamos portanto em continuação a Ceia do Senhor como um MEMORIAL,  como Paulo diz “em memória” dEle (1Co 11.24).


6) A aspersão do sangue nas vergas das portas era efetuada com fé obediente (12.28; Hb 11.28); essa obediência pela fé resultou, então, em redenção mediante o sangue (12.7, 13). A salvação mediante o sangue de Cristo se obtém somente através da “obediência da fé” (Rm. 1.5; 16.26).


7) O cordeiro da Páscoa devia ser comido juntamente com pães asmos (12.8). Uma vez que na Bíblia o fermento normalmente simboliza o pecado e a corrupção (ver notas de 13.7; Mt. 16.6; Mc. 8.15 da BEP), esses pães asmos que representavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito, i.e., o mundo e o pecado (ver nota 12.15 - BEP). Semelhantemente, o povo redimido por Deus é chamado para separar-se do mundo pecaminoso e dedicar-se exclusivamente a Deus.


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Estudo extraído da Biblia de Estudo Pentecostal, pág, 132 e 133.


"...sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho do Senhor Jesus Cristo".

(Filipenses 1:17)




sábado, 1 de abril de 2023

AMEI A JACÓ - ABORRECI A ESAÚ

 NÃO É DIFÍCIL DE ENTENDER


A explicação dos CALVINISTAS da dupla predestinação é engenhosa. Como Deus preferiu Jacó e rejeitou Esaú, logo, Deus salva alguns e rejeita outros. Porém, não é essa a exata interpretação do texto.


Em Romanos 9.9 a 13, o apóstolo Paulo usa o trecho de Gn. 25:23 associando detalhes de Malaquias 1:1-4. Na referência o uso é menos pessoal e mais nacional. «Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú». O texto deve ser interpretado no sentido de duas nações, não de dois indivíduos, segundo se deduz da referência original das duas citações do Velho Testamento (Gn. 25.23; Mal. 1.2,3). 

Jacó, o mais novo, teria um papel mais importante 

que o do irmão Esaú. 


Deus o escolheu  para ser o ancestral do Messias. Esaú, citado em Hebreus 12.16 como  “impuro” e “profano”, perdeu seu direito de primogenitura. Contudo, nada se diz dele ter perdido sua salvação. A escolha de seu irmão Jacó para um papel de destaque não significava que ele, Esaú, devesse perder sua salvação. Esaú e seus descendentes, os edomitas, não tiveram a mesma importância na história, como que tiveram Jacó e os israelitas. Foram ”vasos para desonra”, ou “vasos com menos honra” (Rm 9.21).


Além disso, «amor» e «aborrecimento» não são fundamentos de eleição, como nós entendemos estes sentimentos subjetivos. Deus não é arbitrário em Sua escolha e não pode ser acusado de favoritismo irracional. Os termos sentimentais indicam antes uma função e um destino nacionais. Judá, e não Edom, foi eleito para a revelação progressiva na história. Israel deveria ser o veículo das bênçãos espirituais para as outras nações, e, nesse sentido, se tornar a mais elevada de todas as nações. Mas mesmo diante do aparente fracasso da nação predestinada,  o pináculo de tudo foi ocupado pelo Messias, o qual veio ao mundo por intermédio de Israel. Em nenhum momento da interpretação o texto bíblico sugere tratar-se da salvação e perdição de alguém,  Portanto, é lícito afirmar que essa referência dupla se aplique as duas nações, bem como as bênçãos espirituais, e não a salvação individual. E além disso nada mais é dito no texto, senão que “o mais moço será servo do mais velho” (v.12).


Literalmente, Esaú nunca serviu a seu irmão Jacó. Quando é dito em Romanos 9:12 que “o mais velho servirá o mais novo”, a profecia somente teve cumprimento com os seus descendentes.


Como foi dito, a referência  “amei a Jacó e odiei a Esaú” é uma citação do livro de Malaquias 1.1-4. Em Malaquias, esses nomes representam os povos que descenderam de Jacó, e os que descenderam de Esaú, os edomitas. 

Em vista de que os edomitas haviam perseguido os judeus, Deus disse: “desolarei a vossa terra. . .”


Direito de primogenitura e salvação


Deus prometeu o direito de primogenitura a Jacó. Significava isso que Esaú não podia salvar-se? Logicamente não. Em parte alguma das Escrituras lemos que Esaú não podia ser salvo.


Esaú de fato buscou o direito de primogenitura com lágrimas, e foi incapaz de obtê-lo, mas em parte nenhuma a Bíblia diz que ele não poderia salvar-se. Na realidade, a Bíblia diz é que Deus amoleceu o seu coração para com o irmão, e ele o acolheu no fim de sua vida (Gênesis 33.4).


Nada há absolutamente nas Escrituras que tome esse verso de Romanos 9 para aplica-lo ao destino eterno de indivíduos.


Encontraremos no céu crentes tanto de Edom (Am 9.12) quanto do país vizinho, Moabe (Rt. 1), assim como haverá pessoas no céu de toda tribo, raça, língua, povo e nação (Ap 7.9).


Extraído do aplicativo CACP - RESPONDE


"...sabendo que fui posto para a defesa do evangelho".
Filipenses 1:17