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sábado, 27 de junho de 2020

QUEM INCITOU DAVI ? DEUS OU SATANÁS ?

Existe contradições nos relatos ?

2 Samuel 24:1-25 - Bíblia

1 Crônicas 21:1 - Bíblia


Em 2º Samuel 24:1 está dito que "Deus incitou Davi a numerar Israel", ao passo que 1ª Crônicas 21.1 diz que "Satanás... incitou Davi a numerar a Israel".
Não existe contradição na Bíblia nesse ocorrido. O que acontece é que as passagens são complementares.


Deus, às vezes, utiliza Satanás para cumprir propósitos seus, permitindo que ele prove o povo de Deus (cf. Jó 1.12; 2.6; Mt 4.1-11; 1 Pe 4.19; 5.8). Deus certamente permitiu que Satanás tentasse a Davi por causa do seu orgulho e da sua falta de confiança 
em Deus. A vontade de Davi estava implícita no pecado (vv. 3,4; 1 Cr 21.3,4), pois ele poderia ter resistido a Satanás. 

A menção da "ira do Senhor... contra Israel" pressupõe que Israel tinha cometido um grave delito contra Deus. A ira de Deus é incendida somente quando as pessoas pecam, e certamente os israelitas tinham feito alguma coisa para merecerem esse castigo; embora a Bíblia não mencione o tipo de pecado deles.

O tipo de pecado de Davi foi provavelmente a soberba, expressa (a) na sua liderança de um povo poderoso e numeroso, e (b) na sua auto exaltação e jactância pelas suas grandes realizações e poderio. Davi estava se gloriando na capacidade humana e nos grandes números, ao invés de gloriar-se no poder e justiça de Deus. ¹


Deus permitiu que Satanás tentasse Davi, após este ter realizado muitos feitos e obtido grandes vitórias. 

Observamos as seguintes verdades no caso da tentação de Davi por Satanás. 

1) "Satanás" significa "adversário" (ver Jó 1.6); ele se opõe fortemente ao esforço do crente para conformar-se à vontade de Deus e aos seus padrões de retidão (ver Ef 6.11,12; 1 Pe 5.8; Ap 12.17). 

2) Satanás frequentemente converge sua atividade em direção à mente humana, principalmente através do engano (ver Gn 3.1-7,13; 2 Co 4.4; Ef 2.2; 1 Tm 4.1). Enganou Davi, fazendo-o pensar que Deus aprovaria esse censo da nação. 

3) Satanás se compraz em fazer o crente viver no pecado de orgulho e de auto-exaltação (ver Gn 3.5; ver 1 Cr 21.8). Note que foi depois das grandes vitórias e realizações de Davi (14-21) que Satanás conseguiu essa brecha na vida do rei (vv. 7,8; 1 Tm 3.6).


DEUS FERIU A ISRAEL 

I CRÔNICAS 21 – O CENSO DE DAVI E AS CONSEQUÊNCIAS | Blog do Seu ...

É provável que o povo de Israel aprovasse o desejo pecaminoso de Davi, de recensear o povo. O próprio Joabe sabia que esse censo do povo era um grande pecado que envolveria todo o Israel na culpa (v. 3). 
Presume-se, portanto, que a maioria do povo era culpado de favorecer a numeração de Israel. Com um espírito de orgulho nacional, participaram do pecado de Davi e ficaram sujeitos ao castigo. 

GRAVEMENTE PEQUEI



Davi pecou por orgulhar-se pessoalmente, por Deus usá-lo para realizar seus grandes propósitos no reino de Israel. Ao numerar o povo, ele estava procurando exaltar a sua própria pessoa e a nação de Israel, e depender do poderio da dita nação. Tal presunção inevitavelmente torna a pessoa autoconfiante, tomada de superioridade e vivendo sem fé e sem humildade. 

Davi deveria lembrar-se de que todas as vitórias de Israel vieram pela mão do Senhor. De igual modo, o crente nunca deve se gloriar em sua própria "grandeza" no reino de Deus, mas nas suas próprias fraquezas, "para que em mim [neles] habite o poder de Cristo" (2 Co 12.9).



MANDOU, POIS, O SENHOR A PESTE 

Davi confessou o seu pecado, arrependeu-se com sinceridade e foi perdoado (v. 8). Mesmo assim, Deus executou o castigo temporal contra ele e o povo. O frequente castigo do pecado, por Deus, mesmo depois de confessado e perdoado, é um princípio bíblico evidenciado várias vezes nas Escrituras (ver 2 Sm 11.2 nota; 12.13 nota). Quando Deus submete seus filhos desobedientes às consequências temporais do pecado, Ele observa sua própria lei, mantém sua própria autoridade, purifica o seu povo e demonstra ser um Governante justo. ²


A Revista Defesa da Fé, trás o seguinte comentário na Seção ICP RESPONDE; sobre esta suposta contradição.

"Não existe contradição nos textos, por que eles são complementares. Assim sendo as duas afirmações são verdadeiras. Embora tenha sido Satanás que tenha diretamente incitado à Davi, foi Deus no entanto que permitiu essa provocação. Não obstante o propósito de Satanás tenha sido destruir Davi e o povo de Deus, o objetivo de Deus era humilhá-los e ensinar-lhes uma valiosa lição espiritual. 

Essa situação é bem semelhante àquela descrita nos primeiros capítulos do Livro de Jó, nos quais tanto Deus, quanto Satanás, estiveram envolvidos no sofrimento do patriarca. Semelhantemente, ambos estiveram envolvidos na crucificação de Jesus Cristo. O propósito de Satanás era destruir o Filho de Deus (João 13:2 - 1ª Coríntios 2:8). O objetivo de Deus foi redimir a humanidade pela morte de seu Filho (Atos 2:14-39).

No registro de 2º Samuel, o número de homens valorosos que puxavam a espada era de 80.000, mas este número não incluía o exército permanente de 288.000 descritos em 1ª Crônicas 27:1-5, nem os 12.000 que tinha sido especificamente destacados para Jerusalém, conforme registrado em 1ª Crônicas 1:14. Incluindo-se estas parcelas, chega-se ao total de 1.100.000 homens valorosos que constituíam o exército total de homens de Israel.

O número de 470.000 citados em 2ª Crônicas 21, não incluía 30.000 homens do exército permanente de Judá, mencionado em 2º Samuel 6:1. Isso é evidente pelo fato de que Joabe não ter completado a contagem dos homens em Judá(2ª Crônicas 21:6).

Assim, todos os números estão corretos de acordo com os grupos que foram neles incluídos ou deles excluídos em cada relatório".³


NOTAS
________
1. Bíblia de Estudo Pentecostal, Editora CPAD, nota sobre o pecado de Davi, 2º Samuel 24:1 - pág. 513.

2. Bíblia de Estudo Pentecostal, Editora CPAD, nota sobre o pecado de Davi, 1ª Crônicas 21.1 - pág. 647.

3. Revista de Apologética Defesa da Fé, ICP - ano 7, nº42, Janeiro de 2002 - pág 62




"sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".



Filipenses 1:17

terça-feira, 23 de junho de 2020

O CÂNON E OS PRIMEIROS CONCÍLIOS

OS CONCÍLIOS E O CÂNON


Os primeiros Concílios da Igreja Cristã foram de grande importância para a definição daquilo que temos hoje como o cânon bíblico. Vamos descrever como se deram, historicamente, as negociações para tal definição.



Os primeiros cânones

Como aquilo que a Igreja lia, com a consciência de que repousava sobre a autoridade apostólica, veio a se tornar uma estrutura tão poderosa para a posteridade cristã? Nas palavras de Dreher (2013, p. 7):

"Durante os cem primeiros anos de vida da comunidade cristã, sua Bíblia foi o Antigo Testamento. Ela usava uma versão grega, denominada de Septuaginta e abreviada com a sigla LXX. Dessa versão grega faziam parte ainda alguns livros que não foram incluídos no cânon hebraico, adotado pelo Sínodo de Jâmnia, por volta de 110 d. D¹.[…] 
Nos cem primeiros anos do Cristianismo, já existiam cartas paulinas e outros escritos que, mais tarde, formaram o Novo Testamento, mas outros livros ainda estavam por ser escritos. Sabemos que as Cartas de Paulo, por exemplo, eram lidas nos cultos das comunidades. Mas as Cartas de Paulo, os evangelhos e outros escritos não faziam parte da Bíblia". 


O autor supracitado considera que alguns textos do Novo Testamento foram escritos após o fim do primeiro século, o que não é a consideração desse artigo. Contudo, as palavras do mesmo autor são importantes para perceber que existe uma evolução, tanto no que diz respeito ao cânon hebraico, a base para o Antigo Testamento protestante, como à definição do Novo Testamento. Cains (1995, p. 95) corrobora com este pensamento:


[...]os vários Concílios que se pronunciaram sobre o problema do Cânon do Novo Testamento apenas os tornavam públicos, porque, como ainda se verá, tinham já sido aceitos amplamente pela consciência da Igreja. O desenvolvimento do Cânon foi um processo demorado, basicamente encerrado em 175, exceto para o caso de uns poucos livros cuja autoria era ainda discutida. 

Os primeiros cânones, sem dúvida, foram os hebraicos, como o Samaritano e o Beta, oriundo dos judeus etíopes. Porém, os primeiros cânones cristãos podem ser considerados como sendo o de Marcião; posteriormente Irineu de Lyon propõe uma outra lista fechada. Orígenes também proporá uma lista, excluindo alguns livros, como Tiago, e acrescentando Pastor de Hermas. Várias listas foram surgindo e tendo alguma aceitação, ora nas igrejas ocidentais e ora exclusivamente nas igrejas orientais.

__________________________________________________________1. Esses livros são aqueles recusados pelos Pais da Igreja.


A definição do Cânon

Concílio de Jamnia – Wikipédia, a enciclopédia livre


Depois de localizar o desenvolvimento do Cânon e a afirmação de algumas listas que foram levando o magistério da Igreja Cristã a uma definição nos Concílios, nesta parte deste artigo vamos apenas apontar o Cânon que definiu a presente lista dos livros bíblicos.

O Cânon do Novo Testamento tem seus livros atuais aceitos desde o final do primeiro século, com pequenas dúvidas sobre livros como Hebreus, Thiago e outros poucos, e o acréscimo de livros como Pastor de Hermas. Porém, conforme o fragmento Muraturiano, essa lista era usual, e os livros que faltam nela, atualmente entende-se como parte da lista original. Perdas e erros de cópias se encontram ausentes no documento encontrado e publicado em 1940 por Ludovico Antonio Muratori, provavelmente datado de 170 (Geisler; Nix, 2016, pág. 108).


Porém, a lista de Orígenes, e depois a lista de Atanásio, publicada em uma carta chamada “A Carta de Páscoa de Atanásio”, que é baseada no estudo de Orígenes, são consideradas as listas que mais tarde foram amplamente divulgadas e apoiadas pela Tradição da Igreja, fechando a lista canônica do Novo Testamento, conforme nos esclarecem Miller e Huber (2006, pág. 94). 

Os Concílios de Hipona e de Cartago, conduzidos por Agostinho, confirmaram o Cânon do Novo Testamento, com 27 livros, como o temos hoje, mas aceitaram a lista da Septuaginta para o Antigo Testamento, conforme vista antes, ratificada no Concilio de Trento, em 1566. Durante a Reforma Protestante do século XVI, a maioria dos grupos protestantes aceitou a lista de Atanásio para o Novo Testamento, mas permaneceram com uma antiga tradição da Igreja, que aceitava o Cânon hebraico como o Antigo Testamento.



AS TRADUÇÕES



Costumes Bíblicos: O "Cânon" das Escrituras



As histórias das traduções da Bíblia são ricas em seu legado de coragem e abnegação, para que esse livro chegasse nas variadas culturas, etnias e povos. A Septuaginta, do hebraico para o grego; a Vulgata, do hebraico e do grego para o latim; a tradução de Lutero, do grego, hebraico e latim para o alemão; a King James, do hebraico e do grego para o inglês; do latim, hebraico e do grego para o português, representam o esforço de fazer a Bíblia chegar até nós. 


 A Septuaginta




O termo Septuaginta foi cunhado com base em uma narrativa que não recebe crédito de muitos historiadores. Essa narrativa surge de uma carta conhecida como “Carta de Aristéias”, da qual vem uma construção histórica do surgimento da Septuaginta por pedido do Rei Ptolomeu II. Foi um trabalho realizado por 72 tradutores, mais tarde atribuído a 70. 

O livro, "Bíblia e sua História", da Sociedade Bíblica do Brasil (Miller; Huber, 2006), descreve muito bem a construção dessa narrativa. Um bom resumo a cerca desta tradução é apresentado por Fernandes (2015). Para ele, a Septuaginta surge como demanda dos primeiros cristãos de compreenderem as Escrituras em uma língua mais acessível para aqueles dias:


"partir do século III a.C., os judeus da diáspora que passaram a viver em Alexandria, no Egito, preocupados com a transmissão da fé e dos costumes judaicos aos filhos que nasciam em terras dominadas pelo helenismo e incentivados pelo rei Ptolomeu II, começaram um trabalho de tradução, da Torá para o grego, de um texto hebraico consonantal denominado pelos estudiosos de Protomassorético. 

Uma antiga lenda conta que setenta anciãos judeus de Alexandria foram escolhidos e designados para realizar essa tradução. Disso resultará a denominação Septuaginta para a versão grega da Bíblia Hebraica. Após a tradução da Torá, o trabalho continuou e no final do século I a.C. todos os livros estavam traduzidos. 


Essa tradução fora de grande importância, pois serviu para os cristãos daquele início da cristandade compreenderem teologicamente as declarações proféticas e o desenrolar da revelação. Também serviu como base para as próximas traduções; ainda que não fosse a única fonte, servia de orientação mestra.


Outras traduções





Foram selecionadas apenas duas traduções para serem descritas: a Vulgata Latina e a King James. A tradução de Jerônimo ou Vulgata Latina impulsionou outras traduções e serviu como a principal tradução e versão para a Igreja cristã, sendo ainda hoje muito valorizada pelos cristãos católicos. Contextualizando a necessidade de uma Bíblia na língua latina, no início dos anos 400, Miller e Huber (2006, p. 108) apontam que depois de a Septuaginta ter sido o principal texto das Escrituras dos primeiros cristãos, 



"Na época de Jerônimo, no quarto século, entretanto, o latim estava sendo falado por todo o vasto Império Romano, e uma boa Bíblia em latim era urgentemente necessário. Apesar de existirem algumas traduções da Bíblia em latim, elas não eram boas e ficou a cargo do explosivo Jerônimo produzir uma boa Bíblia em latim, conhecida como Vulgata, por estar na língua vulgar (comum) do povo. A tradução de Jerônimo provou o seu sucesso ao permanecer como a Bíblia oficial da Igreja Católica por mais de 1500 anos.

Essa tradução ainda é consultada atualmente, o que demonstra quão magnifico foi o trabalho de Jerônimo.


A tradução da Bíblia para o inglês que causou maior impacto, com maior durabilidade até o presente, foi a tradução de William Tyndalle. Sua tradução foi perseguida, queimada e inclusive o levou a fogueira, porém o seu impacto foi enorme em toda a Inglaterra. Depois que a Igreja da Inglaterra de separou da Igreja romana, o Rei Tiago I convoca uma junta de tradutores para realizarem a tradução King James; em torno de 80% de seu conteúdo preservou o texto de William Tyndalle.



A BÍBLIA PARA O PORTUGUÊS





As traduções da Bíblia para a língua portuguesa apresentam uma história curiosa, pois as primeiras páginas a serem traduzidas para essa língua latina não fora da pena de um especialista, mas de um Rei, e ainda precede traduções importantes, como a tradução para o inglês de João Wycliffe





A língua portuguesa fez parte do intercâmbio cultural já desde a Idade Média, pois, tendo sua raiz no latim, foi se desenvolvendo até se tornar a principal identidade cultural de parte dos povos ibéricos – os portugueses. Segundo Geisler e Nix (2016, p. 248), Dom Diniz foi um bem-aventurado, “por ter sido a primeira pessoa a traduzir para a língua portuguesa o texto bíblico, tornando assim possível a futura grande navegação dos leitores de língua portuguesa pelo imenso mar da Palavra de Deus”. 

Segundo as informações desses autores, apesar de Dom Diniz ter traduzido apenas os 20 primeiros capítulos do livro de Gênesis, isso teria impulsionado os leitores da língua portuguesa por este texto. Dom João I, sucessor de Dom Diniz, deu um passo a mais: além de produzir traduções do próprio punho, elegeu um grupo de sacerdotes católicos que trabalharam, a partir da Vulgata Latina, em alguns livros e partes de outros autores na sua tradução.


João Ferreira de Almeida


Ficheiro:Bíblia Sagrada João Ferreira de Almeida 1899.jpg ...
Divulgação: Wikipédia


João Ferreira de Almeida foi um protestante convertido do catolicismo. Ainda muito jovem, vivendo na Ásia, conheceu a mensagem evangélica, viveu como um pregador dessa mensagem e, aos 17 anos, segundo Geisler e Nix (2016), iniciou uma tradução do Novo Testamento, que foi perdida; somente em 1676 concluiu a tradução do Novo Testamento. 

Vejamos um excelente resumo de como se deu e o que significou a tradução de João Ferreira de Almeida: 


"Em português, houve, desde antes do concílio de Trento, várias iniciativas de tradução da Bíblia, mas nunca chegaram a uma edição completa em Portugal. João Ferreira de Almeida foi o primeiro a traduzir a Bíblia para a língua portuguesa e o fez a partir das línguas originais, começando pelo Novo Testamento e usando o textus receptus. 
Almeida não conseguiu traduzir todo o Antigo Testamento. Em 1691, ano de sua morte, tinha conseguido chegar até Ezequiel 48.12. A tradução foi completada por Jacobus Van Den Akker em 1694. Em tom comparativo, pode-se dizer: o que a tradução de Lutero foi para o alemão, a tradução de João Ferreira representou para o português". (Fernandes, 2015) 


Sem dúvida, essa tradução é um grande legado e um tesouro para os povos de língua portuguesa. 



CONCLUSÃO

Na leitura do fiel, em grande parte, a Bíblia é vista como um livro que teve a sua forma final definida ou em decorrência de um acontecimento místico ou como resultado de arranjos políticos. Se alguém questionar como foi o caminho de fechamento e transmissão do Cânon até os nossos dias, o leitor poderá indicar com segurança essas considerações, como uma introdução a responder a essas e outras perguntas a respeito da história do Cânon bíblico. 



A história do Cânon bíblico foi vista a partir da sua definição da formação, tanto da avaliação da lista considerada canônica como daquela considerada apócrifa. O mesmo vale para a relação de canonicidade e os primeiros Concílios da Igreja. Vimos também como o Cânon bíblico foi se popularizando através das traduções e finalmente como ele chegou na língua portuguesa.

______________________________
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, M. Introdução bíblica. Nazareno Paulista, Recife, 2006. Disponível em: . Acesso em: 23 maio 2019. 


CAIRNS, E. E. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja Cristã. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995. 

COIMBRA, H. O cânone bíblico: introdução à História da sua formação. Disponível em: . Acesso em: 23 maio 2019. 

DREHER, M. N. Bíblia: suas leituras e interpretações na história do cristianismo. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2013. 

FERNANDES, L. A. Bíblia como Palavra de Deus. Theologia Latinoamericana, 2015. Disponível em: < http://theologicalatinoamericana.com/?p=169>. Acesso em: 23 maio 2019. 

GEISLER, N.; NIX, W. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós. 1. ed., 8. impressão. Tradução de Oswaldo Ramos. São Paulo: Vida, 2016. 

MILLER, S. M.; HUBER, R. V. A Bíblia e sua história: o surgimento e o impacto da Bíblia. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.


Extraído da aula do Prof. Raimundo Nonato Vieira
INTRODUÇÃO ÀS SAGRADAS ESCRITURAS - Faculdades Uninter







"sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".
Filipenses 1:17


sábado, 20 de junho de 2020

O SÍNODO DE DORT FOI IMPARCIAL?

O SÍNODO DE DORT 
 Dordrecht



As persistentes diferenças teológicas finalmente envolveram o governo em uma batalha interna entre políticos rivais. Os calvinistas triunfaram com o príncipe Maurício do lado deles. Magistrados simpatizantes dos Arminianos foram substituídos. 

Isso pavimentou o caminho para o Sínodo Nacional que, após cartas enviadas_convidando_representantes estrangeiros, foi então reunido em Dordrecht em 13 de novembro de 1618 e encerrou em maio do ano seguinte.

Convencidos de que defendiam a verdade, cada delegado calvinista fez um juramento de seguir somente a Palavra de Deus e “visar 
a glória de Deus, a paz da Igreja, e especialmente a preservação da pureza da doutrina"

Então, ajuda-me, meu Salvador Jesus Cristo! Eu Te imploro a me assistir pelo Seu Santo Espírito”.


Os Calvinistas sempre celebraram Dort como o encontro de líderes mais piedosos da história, que seguiram sinceramente seu juramento. No entanto, na opinião de João Wesley, Dort foi tão imparcial quanto o Concílio de Trento¹. 

De fato, Dort foi convocado pelos oficiais do Estado favorecendo os CALVINISTAS, com o único propósito de apoiá-los e condenar os Arminianos, e, então, ele dificilmente pode ser considerado um tribunal imparcial e certamente não representou um consenso entre os crentes verdadeiros.

Além disso, os batistas que hoje destacam Dort como a articulação do que eles creem, como Vance destaca, “não estão apenas se sujeitando a um credo de uma igreja estatal reformada holandesa, como também estão seguindo Agostinho, pois como o teólogo reformado Herman Hanko afirma: 

"Nossos pais em Dordrecht conheciam bem que essas verdades demonstradas nos cânones não podiam apenas ser remontadas à Reforma de Calvino; elas podiam ser remontadas à teologia de Santo Agostinho [...].  Pois foi Agostinho que originalmente expôs essas verdades’.²   

Custance 
insiste que os Cinco Pontos foram ‘formulados implicitamente por Agostinho” 

Os Arminianos não foram permitidos pleitear seu caso como iguais, mas foram removidos do status de delegados para o de RÉUS, sendo posteriormente expulsos do Sínodo sumariamente e denunciados publicamente. 




Após Dort, os remonstrantes foram INTIMADOS a se retratarem, caso contrário seriam banidos. A história conta que mais de 200 ministros Arminianos foram removidos de seus púlpitos e muitos foram exilados. Houve uma tentativa de estabelecer uma teocracia calvinista cruel, onde somente o Calvinismo seria proclamado publicamente, mas isso permaneceu apenas por pouco tempo. No entanto, não foi antes de 1625 que a perseguição aos Arminianos cessou oficialmente.

Cairns chama o grande Sínodo de Dort de “uma assembleia calvinista internacional”, à qual os Arminianos “compareceram como ACUSADOS”. Os Calvinistas chamam Dort de “um símbolo do triunfo do Calvinismo ortodoxo na Holanda”. Louis Berkhof afirma que os “cinco cânones calvinistas minuciosos, nos quais as doutrinas da Reforma, e particularmente de Calvino, sobre os cincos pontos disputados, estão definidos com clareza e precisão”³.

Desde Dort, os Calvinistas têm saudado esses cânones como "uma fortaleza, uma defesa da verdade da Palavra de Deus concernente à nossa salvação”. 

Já temos citados uma variedade de líderes Calvinistas, no sentido de que os Cinco Pontos do Calvinismo são o Evangelho. Tais opiniões deveriam causar preocupação na igreja hoje, tendo em vista a ressurgência do Calvinismo pelos esforços de respeitados líderes evangélicos.


_________
1. 
Citado em Jacó Armínio, The Works of James Arminius, James e William Nichols, trad. (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1986), vol. 1, p. xiii

2. Herman Hanko, "Total Depravity” em Herman Hanko, Homer C. Hoeksema e Gise J. Van Baren, The Five Points of Calvinism (Grandvilie, MI: Reformed Free Publishing Association, 1976), pág. 10.


3. Louis Berkhof, The History of Christian Doctrines (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1937), pág. 152.




IRONIA ?

Hoje em dia há calvinistas que repudiam páginas de humor teológico, mas vejam como calvinistas nunca tiveram vergonha de ridicularizar o Arminianismo. Essa imagem foi usada em 1618, antes da realização do sínodo e foi adaptada com o título de "Arminianismo como monstro de cinco-cabeças", uma referência maldosa aos cinco pontos dos remonstrantes.








Moeda comemorativa 
cunhada por ocasião do Sínodo de Dort, que terminou em 1619, depois de mais de 125 sessões. Todos os participantes estrangeiros receberam a moeda em ouro. Os delegados nacionais foram premiados com uma de prata. A moeda tem um diâmetro de 58,5 mm .


Frutos do Sínodo de Dort



Avaliando o Sínodo de Dort e os Cinco Pontos do Calvinismo que ele pronunciou, ninguém pode evitar de reconhecer a natureza política do encontro. Cristo delineou uma linha muito clara de separação entre "as coisas que são de César e as coisas que são de Deus” (Marcos 12:17). 

Em trágico contraste, os líderes da igreja Calvinista agiram como instrumentos de César (o Estado) — e o Estado agiu em seu favor para punir seus oponentes. Que os Calvinistas junto com o Estado acusaram falsamente, perseguiram, aprisionaram e executaram alguns dos líderes Arminianos, deve ser também levado em consideração na avaliação de todo esse processo e de seus frutos — assim como na avaliação do próprio Calvinismo.

Embora Arminianos e Calvinistas desse tempo estivessem de acordo sobre a aliança Igreja-Estado, os Arminianos não desejaram utilizar o Estado para forçar suas visões sobre seus oponentes, mas apenas para proteger sua própria liberdade de consciência e prática.

Mesmo os Calvinistas admitem que “os teólogos" que compuseram o Sínodo de Dort mantinham geralmente que o magistrado civil estava designado a infligir dores e castigos como punição por heresia” e que em contraste, os Arminianos advogaram “tolerância e paciência com respeito às diferenças de opinião sobre assuntos religiosos”¹ª.


Considere, por exemplo, o caso dos quatro principais lideres do movimento Arminiano. João Uitenbogaert, que estudou em Genebra sob Beza, o sucessor de Calvino, e serviu como capelão do príncipe Maurício (filho e sucessor de Guilherme de Orange), foi exilado após o Sínodo de Dort e teve seus bens confiscados. 

Simão Episcópio, professor de Teologia e principal porta-voz dos Arminianos em Dort, foi banido. Jan van Oldenbarnevelt, que foi advogado geral da Holanda e um herói nacional por ajudar Guilherme de Orange a negociar a União de Utrecht, foi acusado falsamente de traição e foi decapitado. 

Hugo Grócio, um advogado famoso, conhecido mundialmente por sua especialidade em Direito Internacional, foi sentenciado à prisão perpétua, mas escapou e mais tarde se tornou o embaixador suíço em Paris.

Que base bíblica alguém poderia propor para exigir tais penas por discórdias doutrinárias? Se os Calvinistas poderiam estar tão errados em tantas coisas tão importantes, eles também não poderiam estar errados em algumas concepções teológicas básicas? 

No entanto, apesar de completas deturpação e desobediência concernentes a assuntos vitais e fundamentais dos ensinos do Novo Testamento, como a separação entre a Igreja e o Estado (João 15:14-21; 16:33; 1 João 2:15-17) e nenhuma imposição de crença por força, esses homens são saudados como "grandes teólogos” e as doutrinas que eles impuseram por meio da FORÇA sobre outros são abraçadas como a verdade de Deus — agora chamadas de “a Fé Reformada” e “as Doutrinas da Graça” — que devem ser aceitas por todos. 

A igreja, uma vez perseguida, agora perseguiu companheiros crentes!
______________________________________________________________________________1ª William Cunningham, The Reformers and the Theology of the Reformation (Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1967), vol. 2, p. 381; citado em Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism, ed. rev. (Pensacola, FL: Vance Publications, 1999), pág. 153.



ALGUMAS OPINIÕES SOBRE O SÍNODO DE DORT

O famoso rei Tiago, a quem foi dedicada a versão “King James” , criticou duramente a decisão do Sínodo de Dort, dizendo:


“Esta doutrina é tão horrível, que eu estou persuadido que, se houvesse um concílio de espíritos imundos reunidos no inferno, e seu príncipe o diabo fosse colocar a questão a todos eles em geral, ou a cada um em particular, para aprender sua opinião sobre o meio mais provável de incitar o ódio dos homens contra Deus seu Criador; nada poderia ser inventado por eles que seria mais eficaz para este propósito, ou que poderia colocar uma afronta maior sobre o amor de Deus pela humanidade, do que esse infame decreto do recente Sínodo, e a decisão dessa detestável fórmula, pela qual a imensa maioria da raça humana é condenada ao inferno por nenhuma outra razão senão a mera vontade de Deus, sem qualquer consideração pelo pecado; a necessidade de pecar, assim como a de ser condenado, estando fixado sobre eles por esse grande prego do decreto previamente mencionado”²ª.


 
__________________
2ª. Rei Tiago da Inglaterra, citado em Works of Arminius, vol. 1, p. 213.



Não é de se surpreender que o sínodo condenou as doutrinas arminianas como antibíblicas e emitiu os infames Cânones de Dort propondo os Cinco Pontos do Calvinismo.




Laurence comenta




CONCLUSÃO



Os assim chamados sínodos, concílios e confissões reformadas, e os decretos que eles geraram, que muitos calvinistas de hoje honram como afirmando a verdadeira doutrina de Cristo, foram realiza dos por uma igreja estatal, estabelecidos em parceria com o governo civil — contrariamente ao que ensina a Palavra de Deus. Sempre a preocupação prioritária era a unidade, e aqueles que não concordaram com a posição da maioria foram silenciados, perseguidos, aprisionados, banidos e, às vezes, executados.


Exatamente como a Igreja Católica Romana perseguiu e matou aqueles que não concordaram com seu declínio ao longo dos séculos, as novas igrejas protestantes estabelecidas passaram então a fazer o mesmo. 


Obras que contribuíram para elaboração desta matéria

Que amor é este ? - Dave Hunt - Editora Reflexão - págs 145 à 153

Contra o Calvinismo - Roger E. Olson - Ed. Reflexão - págs 87-153-154 -

O outro lado do Calvinismo - Laurence  M. Vance - págs 171 - 317




"sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".

Filipenses 1:17

segunda-feira, 15 de junho de 2020

DEUS TEM UM NOME ?


É CORRETO DIZER QUE DEUS 
TEM APENAS UM NOME ?


As Testemunhas de Jeová ensinam que Deus tem apenas um nome e que esse nome é Jeová, e os demais nomes que encontramos na Bíblia são apenas títulos. O cuidado da entidade no desenvolvimento dessa doutrina é simplesmente para evitar a ambiguidade da palavra SENHOR”, com relação ao Pai e ao Filho. Eliminando a possibilidade de chamar o Pai de SENHOR, fica mais fácil para os russelitas reduzirem o Senhor Jesus Cristo à categoria de mero Senhor. 

A princípio podemos afirmar com a autoridade da Palavra de Deus que o nome JEOVÁ nem se quer aparece no texto hebraico do Velho Testamento e muito menos no do Novo. A palavra JEOVÁ  é uma corruptela da expressão hebraica “YEHOVAH”, fruto de um artificio dos rabinos da Idade Média. O nome JEOVÁ foi divulgado largamente depois dos reformadores na Idade Moderna em substituição à palavra hebraica YAHWEH

A verdade é que o nome de Deus é uma polissemia, ou seja, nome com mais de um significado. Portanto os nomes podem ser classificados em dois grupos principais: os nomes genéricos e os nomes específicos. Ensinar que Deus tem apenas um nome e que esse nome é JEOVÁ, como fazem alguns é um erro grave e um ensino que não resiste a exegese bíblica. Na verdade, o nome JEOVÁ nem aparece na Bíblia Hebraica, já que a expressão correta é YAHWEH que podemos chamar Javé.




OS NOMES GENÉRICOS DE DEUS NA BÍBLIA 

São três os nomes genéricos, a saber: El, El Elyon, Eloah, cujo plural é Elohim. Dizemos que estes nomes são genéricos porque podem ser aplicados a divindades falsas, a anjos, a governantes e juízes. 

El pode ser aplicado às divindades falsas em virtude da aproximação entre as línguas semíticas e o hebraico, e principalmente, as nações cananeias, pois os patriarcas e seus descendentes falavam “a língua de Canaã” (Is 19.18). 

El - DEUS 

Este nome significa: “aquele que vai adiante ou começa as coisas”. A palavra vem de forma acádica¹ illu, e é um dos nomes mais antigos de Deus. Não se sabe, ao certo, se a palavra El vem do verbo ul  e significa “ser forte” ou do verbo “começar ou ir adiante”, verbo de mesma raiz. 

Se a procedência desse nome for do primeiro verbo, El significa “ser forte e poderoso”, e se for do segundo, significa aquele que “vai adiante e que começa todas as coisas”. Tanto um como outro significados são apropriados para Deus, pois encontramos nele estas duas características. Deus é o Forte e o Criador de todas as coisas. El é o nome mais usado na Bíblia para mencionar as divindades pagãs, é usado também com freqüência em ugarítico, mas aparece também com relação ao Deus de Israel, e inclusive com os seus atributos.

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1. acádio (lišānum akkadītum), também conhecido como acadiano ou assiro-babilônio era uma língua semítica parte da família afro-asiática falada na antiga Mesopotâmia, particularmente pelos assírios e babilônios.


El Elyon - DEUS ALTÍSSIMO

O nome Elyon é um adjetivo que se deriva do verbo hebraico "alá" que significa “subir”, “ser elevado” e designa Deus como o alto e Excelente, o Deus Glorioso. É um dos nomes genéricos porque ele também é aplicado a governantes mas nunca vem acompanhado de artigo quando se refere ao Deus de Israel. 

Em Gênesis 14.19­ 20, esse nome vem acompanhado da palavra El , mas às vezes ele vem sozinho, como em Isaías 14.14. Elyon pode ser encontrado sozinho nas Escrituras ou combinado com outros nomes de Deus, (ver Números 24.16; Deuterônomio 32.8; Salmos 7.17; 9.2; 57.2; Daniel 7.18, 22, 27).


Elohim e Elohá - DEUS

Elohim é o plural de Elohá. Esse nome no singular ocorre apenas 57 vezes no Velho Testamento, ao passo que no plural ocorre 2.498 vezes. Esse substantivo vem do verbo hebraico "alá", e significa “ser adorado”, “ser excelente, temido e reverenciado”. 
O substantivo como nome revela a plenitude das excelências divinas, aquele que é supremo. Deus é apresentado pela primeira vez na Bíblia com esse nome em Gênesis 1.1: “No princípio criou Deus (Elohim, no hebraico) os céus e a terra”.


OS NOMES ESPECÍFICOS DE DEUS NA BÍBLIA

Os nomes específicos são aqueles que nas Escrituras Sagradas só aparecem com relação ao Deus verdadeiro, são eles: El Shaday, Adonay, Javé e Javé dos Exércitos.


El Shaday — DEUS TODO PODEROSO 

EL SHADAY: Deus Todo Poderoso, Onipotente - ERI VIEIRA... O PRAZER ...

O nome hebraico Shaday é derivado de shadad que significa “ser poderoso, forte e potente’. Mas há quem afirme que essa palavra seja derivada do verbo hebraico shadá/sha-ady, que quer dizer: “Alimentar’’, "Peito", "Seio". 

Tanto a primeira quanto a segunda estão inerentes à natureza divina: Deus é o Deus Todo-poderoso e também dá a vida, alimenta e torna frutuoso e transmite a ideia da suficiência de uma mãe que alimenta o seu filho.

Na Septuaginta, a palavra correspondente é Pantokrátor, mas é usada pouquíssimas vezes, aparecendo na maioria das vezes simplesmente a palavra Théos no lugar do hebraico El, e nem sempre aparece a tradução do nome Shaday. Alguns acham que seja apenas uma expressão epitética para intensificar o sentido de El. 
Jerônimo traduziu esta palavra, na sua Vulgata Latina por Omnipotens, o mesmo nome usado para Jesus em Apocalipse 1,8. 

O termo Shaday aparece com freqüência na era patriarcal; só no livro de Jó esse nome ocorre 31 vezes. Exodo 6.3 nos diz que Deus era conhecido pelos patriarcas por esse nome: “Eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó, como o Deus Todo-poderoso; (El Shtiday, em hebraico), mas pelo meu nome o Senhor, (Yahweh, em hebraico) não lhes fui perfeitamente conhecido’’. 

O próprio Deus diz aqui que se revelou aos patriarcas como o El Shaday.


Como então uma organização tem a irresponsabilidade e a arbitrariedade em ensinar que Deus só tem um nome? 


O Dr. Asa Routh Crabtree, Professor, Reitor de Seminário Teológico, erudito e hebraísta, diz com relação a Êxodo 6.3:

“É claro, então, segundo este versículo, que depois do Sinai os israelitas identificaram o seu libertador Javé, como o Deus Altíssimo e o Todo-poderoso El Shaday, dos patriarcas”. ² 

Este era um nome apropriado para o período patriarcal, durante o qual os patriarcas viviam numa terra estranha e rodeados pelas nações hostis. Eles precisavam saber que o seu Deus era o Todo-poderoso, “...Eu sou o Deus Todo-poderoso (El Shaday) anda em minha presença e sê perfeito;” (Gn 17.1). 
Esse nome ocorre ainda em Gênesis 49.25; Números 24.4; Rute 1.20-21; Salmo 91.1; Isaías 13.6; Ezequiel 1.24; Joel 1.15. 

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2.Teologia do Velho Testamento, pág.63 



Adonay — SENHOR 

Adonay é um nome de Deus e não meramente um pronome de tratamento, e nele se expressa a Soberania de Deus no universo. Essa palavra significa “meu senhor”, mas em hebraico, essa expressão nunca é usada como pronome de tratamento, nesse caso é usado adoni, ou simplesmente adon para “senhor”. Isso ocorre no hebraico bíblico. 

Veja como Ana se dirigiu a Eli em 1º Samuel 1.15, 26. 

A palavra hebraica nesta passagem aqui é adoni, e é usada da mesma forma no hebraico moderno, falado hoje em Israel. Os nomes Adonay e Yahweh são tão sagrados para os judeus que eles evitam pronunciá-los na rua, no seu cotidiano. O segundo nem se quer nas sinagogas é pronunciado. 
Para o cotidiano ele usam ha´Shem, que significa “O Nome” para designar a Deus. 

Contudo de forma arbitrária, as Testemunhas de Jeová, ensinam que “Senhor” não é nome; devido ao cuidado que a entidade tem para não deixar transparecer que o Senhor Jesus é tanto o Adonay como também o Yahweh  do Velho Testamento. Alegam ainda que em 134 lugares no texto hebraico o nome Adonay não é autêntico. MENTIRA, por que o nome Adonay ocorre 315 vezes no Velho Testamento, e não simplesmente 134 como insinuam.


Septuaginta - Dicio, Dicionário Online de Português


A Septuaginta traduziu Adonay e Yahweh pela palavra grega Kyrios que significa SENHOR”. O nome “SENHOR” é um nome divino, por isso dizer que César é Senhor” seria reconhecer a divindade de César, é por isto que os cristãos primitivos recusavam chamar César de Senhor. 

O apóstolo Paulo disse: “..e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”(1 Co 12.3). Se esta expressão não reivindicasse a divindade de Cristo seria tão grande essa novidade que o apóstolo estava ensinando, que só pelo Espírito Santo o homem poderia reconhecer o senhorio de Cristo? Se Cristo fosse um mero Senhor, como querem a referida seita, haveria necessidade do Espírito Santo revelá-lo? É claro que não !

Portanto, o nome grego Kyrios é o correspondente aos nomes hebraicos Adonay e Yahweh no Novo Testamento grego original, e é usado tanto para o Pai como para o Filho. A ideia básica do nome Adonay é a da soberania de Deus, da suprema posição do Criador em todo o universo que criou. 

Eis algumas passagens bíblicas onde o texto hebraico aparece com a palavra Adonay, que as versões evangélicas traduzem por “SENHOR e a Tradução Novo Mundo, Bíblia das TJ´s, traduz por “JEOVÁ":  Gênesis 18.3; Isaías 3.18; 6.1; Daniel 9.16.


Yahweh e Yahweh  Tsebhaoth - SENHOR E SENHOR DOS EXÉRCITOS

É o nome pessoal do Deus de Israel e é escrito pelas quatro consoantes YHWH, o Tetragrama. A escrita hebraica foi usada durante todo o período da história do Velho Testamento sem as vogais. As vogais hebraicas nada mais são do que sinais diacríticos que os rabinos criaram no século IX, e até hoje, estes sinais ajudam multo na leitura de qualquer texto hebraico mas, quem já conhece a língua não precisa mais dessas vogais. 

Tetragrama tomou-se impronunciável pelos Judeus desde o período intertestamentário³, para evitar a vulgarização do nome e para que a forma não fosse tomada em vão. Eles pronunciavam Adonay toda vez que encontravam o tetragrama no texto sagrado, na leitura da sinagoga. Na Idade Média, os rabinos inseriram no tetragrama o que corresponde as quatro consoantes YHWH, as vogais da palavra Adonay (a primeira e a última letras dessa palavra são consoantes na língua hebraica).

Extraído do Livro Como Responder as Testemunhas de Jeová - Comentário Exegético e Explicativo por Esequias Soares da Silva, pág 104

Extraído do Livro Como Responder as Testemunhas de Jeová - Comentário Exegético e Explicativo por Esequias Soares da Silva, pág 105



Para lembrar na leitura que esse nome é impronunciável e dessa forma pronunciar Adonay, então, o tetragrama ficou assim: YEHOWAH. Foi só a partir de 1520 é que os reformadores difundiram o nome “JEOVÁ”, como já vimos aqui, é uma corruptela do artificio dos rabinos, e; portanto, não é um nome bíblico. 

O nome “JEOVÁ” foi convencionado pelo homem. Se esse nome não é bíblico como pois ele aparece em nossas versões? Porque depois disso o nome “JEOVÁ” passou a ser usado nas línguas modernas. Então é um erro em nossas versões? De maneira nenhuma. Isso porque sabemos que o nome “JEOVÁ” que aparece em nossas versões é aquele que identifica o Deus Yahweh, da mesma forma que acontece com o nome “SENHOR”. 


Analisando à luz da Bíblia, o nome “SENHOR” está na Bíblia , ao passo que “JEOVÁ” não.  Então, veja o leitor que o nome que é a coluna vertebral da Seita Testemunha de Jeová, nem sequer é bíblico. Já que as TJ's consideram um crime adotar em nossas versões o nome “SENHOR”, deveriam usar Yahweh, como é conservado ainda hoje nas versões católicas, mas não o fazem. 

O nome Yahweh vem do verbo hebraico hayah, que significa “ser” “estar”, “existir”, “tomar-se”e “acontecer”. Este verbo aparece ligado a esse nome em Êxodo 3.14: “EU SOU O QUE SOU”, que nos textos hebraicos encontramos: Ehyeh Asher Ehyeh, que está no imperfeito, e no binyan hiph'il, uma das sete construções do verbo hebraico, e tem força causativa, por isso revela uma existência contínua. 

Muitos transliteram a letra “Y” do verbo Ehyeh pela letra “V”, que fica Ehveh, e na terceira pessoa do singular fica Yhveh, este verbo no tempo presente é Howeh. Como na poesia hebraica, usa-se com freqüência a forma reduzida Yah.

A forma reduzida de YAHWEH é YAH. Esta palavra aparece ligada ao verbo hebraico (HILEL), e significa “LOUVAR" que está no Pi'el, uma construção que indica o intensivo, que na 2ª pessoa do plural do imperativo e HALELU que Juntando ao YAH fica: HALELUYAH, que significa “LOUVEM A JAH”; ou seja; “LOUVEM AO SENHOR” ou ainda "LOUVEM A YAHWEH".


A poesia hebraica diz o seguinte:

"Cantai Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai sobre os céus, pois o seu nome é JÁ: exultai diante dele” (SI 68.4), justificando assim a presença da letra “A” no nome Yahweh.


O significado desse verbo na passagem de Êxodo 3.14, é que Deus é aquele que tem existência própria, existe por si mesmo, é o imutável, aquele que causa todas as coisas, é auto existente, aquele que é, que era e o que há de vir, o eterno (Gn 21.33; SI 90.1-2; Ml 3.6), e até hoje os Judeus religiosos preferem chamar “O ETERNO” em lugar do Tetragrama. Aqui, Deus deu a Moisés o significado do nome YAHWEH.



A pronúncia exata desse Tetragrama nos tempos do Velho Testamento ficou desconhecida durante séculos em virtude desse nome tomar-se impronunciável desde o período inter testamentário. Existe uma tradição de que os samaritanos pronunciavam o nome como IabeComo a letra “B” já no grego daqueles dias tinha o som de V, como ainda hoje na Grécia, então Javé parece ser a pronúncia mais apropriada. 


Clemente de Alexandria escreveu esse Tetragrama como Jeoue. Há, portanto, evidências históricas de que Yahweh ou Iavé era a pronúncia primitiva, e a forma reduzida Yah, que já vimos, corrobora essa realidade. 


Êxodo 3.14 é a única fonte bíblica que lança luz sobre a pronúncia correta do tetragrama. Assim as “Testemunhas de Jeová” se rebentam quando fazem do nome “Jeová” a coluna vertebral do seu sistema doutrinário, uma vez que nem sequer existe este nome no texto hebraico do Velho Testamento e muito menos no Novo.



O texto de Êxodo 6.3: “E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-poderoso, mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido”, mostra que os patriarcas do Gênesis conheciam este nome mas não sabiam a forma e o significado dele. Yahweh é um dos nomes de Deus, o nome do pacto com Israel. A partir dessa Teofania, foi o nome especial e peculiar dado durante a história dos filhos de Israel: “E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos Filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é o meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração” (Ex 3.15).



A Septuaginta traduziu o Tetragrama pela palavra grega Kyrios que quer dizer “SENHOR”, e por essa razão as nossas versões traduziram o Tetragrama pelo nome “Senhor", que está perfeitamente dentro do contexto bíblico. O nome Yahweh não aparece uma vez sequer no Novo Testamento grego. 

Até mesmo nas citações do Velho Testamento os escritores neotestamentários usaram o nome KYRIOS. O apóstolo Paulo citou Isaías 1.9, onde aparece o nome Yahweh Tsabaoth, em Romanos 9.29, mas ele usou Kyrios Tsabaoth. 

Como as “Testemunhas de Jeová” condenam todas as traduções existentes no mundo por que usam “Senhor" no lugar de “Jeová”? Não há explicação convincente. Os servos de Russel usaram no Novo Testamento o nome “Jeová” 237 vezes, ao passo que no Novo Testamento grego não aparece uma vez sequer, aparece sim o seu correspondente grego Kyrios, que é “Senhor”.


DISCUSSÃO on line com Tradução do Novo Mundo Defendida! | Tradução ...


O propósito da Tradução Novo Mundo em sustentar o nome “Jeová” é porque o nome grego Kyrios ou o nome inglês “Lord”, que correspondem a “SENHOR”, na língua portuguesa, identificam explicitamente o Pai com o Filho. E, usando o nome Jeová para o Pai, e o vocábulo “Senhor” para o Filho, embora no texto grego a palavra seja a mesma tanto para o Pai como para o Filho, fica mais fácil para enganar o povo com a sua TNM. 


Eis a razão pela qual os russelitas insistem em afirmar que Deus tem apenas um nome e que esse nome é Jeová”. A palavra “Senhor" que a TNM usou com referência ao Senhor Jesus é Kyrios no Novo Testamento grego, a mesma palavra usada para o Deus Pai, e não “JEOVÁ”. É uma imposição forçada da entidade, e uma camisa-de-força, posta para moldar a Bíblia a sua doutrina.

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3. Intertestamentário: Conhecido também por período interbíblico, é o momento histórico que compreende o espaço de tempo entre o Antigo e o Novo Testamento. Na narrativa bíblica passaram-se cerca de quatrocentos anos entre a época de Neemias (quando o livro de Malaquias foi escrito) e o nascimento de Cristo (aproximadamente 433 – 5 a.C.).



Extraído do Livro "Como Responder as Testemunhas de Jeová" Comentário Exegético e Explicativo por Esequias Soares da Silva, Editora Candeias, Pags 92 à 108.







"sabendo que fui posto para defesa do Evangelho".

Filipenses 1:17