OS LIVROS NÃO INSPIRADOS
DO CATOLICISMO
Os apócrifos não constam nas versões mais
antigas
O primeiro
argumento em favor dos Apócrifos é que as versões mais antigas os incluíam.
Isto, porém, é verdade apenas em parte. Mas correto também é dizer que os ’Targuns
aramaicos’ não os reconheceram, nem sequer o ’Peshita siriaco’ na sua
forma mais antiga continha um único livro apócrifo; foi apenas posteriormente
que alguns deles foram acrescentados.
Jerônimo, o grande
tradutor das Escrituras para o latim, não deu reconhecimento aos Apócrifos como
tendo igual autoridade com os livros do Cânone Hebraico. Uma investigação mais
cuidadosa desta reivindicação reduz a autoridade sobre a qual os Apócrifos se
alicerçam a apenas uma versão antiga, a Septuaginta, e àquelas traduções
posteriores (tais como a Ítala, a Cóptica, a Etiópica, e a Siríaca posterior)
que foram dela derivadas.
Mesmo no caso da Septuaginta, os livros Apócrifos
mantêm uma existência um pouco incerta.
O
Códice Vaticano ("B") não tem 1 e 2 Macabeus (canônicos segundo
Roma), mas inclui 1 Esdras (não-canônico segundo Roma). O Códice Si-. naítico ("Aief")
omite Baruque (canônico segundo Roma), mas inclui 4 Macabeus (não-canônico
segundo Roma). O Códice Alexandrino ("A") contém três livros
apócrifos "não-canônicos": 1 Esdras e 3 e 4 Macabeus.
Então
acontece que até os três mais antigos manuscritos da LXX demonstram considerável falta
de certeza quanto aos livros que compõem a lista dos Apócrifos, e que os
quatorze aceitáveis à Igreja Romana não são de modo algum substanciados pelo
testemunho dos grandes iniciais do quarto e do quinto séculos.
A palavra apocrypha no grego clássico significava “oculto”
ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o sentido de “esotérico” ou
algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e
de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos
livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente
como “pseudepígrafos”.
A Igreja Católica numa tentativa de combater a REFORMA PROTESTANTE aprovou os LIVROS APÓCRIFOS no dia 08 de Abril de 1546 e para dar base aos seus dogmas e doutrinas contidas naqueles livros, tais como, oração pelos mortos, salvação pelas obras, purgatório, etc, doutrinas essas combatidas pelos reformadores.
A primeira edição da Bíblia católico-romana com os
apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.
Os apócrifos na LXX não prova que havia um segundo cânon mais
extenso
Protagonistas dos
Apócrifos argumentam que a presença dos livros Apócrifos na LXX indica a
existência do assim chamado "Cânone-Alexandrino", que
incluía estes quatorze livros adicionais. Mas não é de modo nenhum certo que
todos os livros na LXX foram considerados canônicos, mesmo pelos próprios
judeus de Alexandria. Bem decisiva contra isto é a evidência de Filon de
Alexandria (que viveu no primeiro século d.C). Apesar de ter citado
freqüentemente os livros canônicos do "Cânone Palestiniano", não faz
uma citação sequer dos livros Apócrifos. Isto é impossível reconciliar com a
teoria de um "Cânone Alexandrino" maior, a não ser que porventura
alguns judeus de Alexandria não tivessem recebido este "Cânone
Alexandrino" enquanto outros o reconheciam.
Em segundo lugar,
relata-se de fontes fidedignas que a Versão Grega de Aquila foi aceita pelos
judeus alexandrinos no segundo século d.C., apesar de não conter os livros
Apócrifos.
A dedução razoável desta evidência seria
que (conforme o próprio Jerônimo esclareceu) os judeus de Alexandria resolveram
incluir na sua edição do Antigo Testamento tanto os livros que reconheciam como
sendo canônicos, como também os livros que eram "eclesiásticos" -
i.é., foram reconhecidos como sendo valiosos e edificantes, sem, porém ser
infalíveis ou inspirados.
Apoio adicional
para esta suposição (que livros subcanônlcos possam ter sido conservados e
utilizados juntamente com os canônicos) foi recentemente descoberto nos achados
da Caverna 4 de Cunrã. Ali, no coração da Palestina, onde seguramente o
"Cânone Palestiniano" deve ter sido autoritativo, pelo menos dois
livros Apócrifos se fazem representar - Eclesiástico e Tobias.
Um fragmento de
Tobias aparece num pedacinho de papiro, outro em couro; há também um fragmento
em hebraico, escrito em couro. Vários fragmentos de Eclesiástico foram
descobertos ali, e pelo menos na pequena quantidade representada, concordam bem
exatamente com mss de Eclesiástico do século onze, descobertos na Genizá de
Cairo na década de 1890 (cf. Burrows, MLDSS 177, 178).
Quanto a isto, a Quarta
Caverna de Cunrã também conservou obras pseudoepigráficas tais como o
Testamento de Levi, em aramaico, o mesmo em hebraico, e o livro de Enoque
(fragmentos de dez mss. diferentes!). Decerto, ninguém poderia argumentar com
seriedade que os sectários tão estreitos de Cunrã consideravam como canônicas
todas estas obras apócrifas e pseudoepigráficas só por causa de terem
conservado cópias delas.
Bíblia
hebraica [a Bíblia dos judeus]
a) Contém somente os 39 livros do VT
b) Rejeita os 27 do NT como inspirado, assim como rejeitou Cristo.
c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica
Romana).
Bíblia Protestante
a) Contém os 39 livros do VT e também os 27 do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos.
Bíblia católica
a) Contém os 39 livros do VT e os 27 do N.T.
b) Inclui, na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são:
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis
capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de
Daniel.
Lista dos que se encontravam na Septuaginta:
1. 3° Esdras
2. 4° Esdras
3. Oração de Azarias
4. Tobias
5. Adições a Ester
6. A Sabedoria de Salomão
7. Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque).
8. Baruque
9. A Carta de Jeremias
10. Os acréscimos de Daniel
11. A Oração de Manassés
12. 1 Macabeus
13. 2 Macabeus
14. Judite
O Novo Testamento não cita os apócrifos
Apela-se
freqüentemente ao fato que o Novo Testamento usualmente emprega a tradução da
LXX ao citar o Antigo Testamento. Portanto, já que a LXX continha os Apócrifos,
decerto os Apóstolos do Novo Testamento reconheciam a autoridade da LXX inteira
conforme então se constituía. Além disto, argumentam, é um fato que
ocasionalmente apela-se a obras fora do "Cânone Palestiniano". Wildeboer
e Torrey colecionaram todas as instâncias possíveis de tais citações ou alusões
a obras apócrifas, incluindo-se várias que apenas são hipotéticas.
Mas
toda esta linha de argumentos é realmente irrelevante para a questão em pauta,
sendo que nem se alega que qualquer uma destas fontes seja proveniente dos
Apócrifos Romanos.
Na maioria dos casos as obras que supostamente
foram citadas desapareceram há multo tempo - obras tais como o Apocalipse de
Elias e a Assunção de Molsés (da qual sobrou um fragmento latino). Só num único
caso, a citação de Enoque 1:9 em Judas 14-16, é que a. fonte citada sobreviveu.
Há citações de autores gregos pagãos, também no Novo Testamento.
Em Atos 17:28,
Paulo cita de Arato, Phaenomena, linha 5; em 1 Corlntios 15:33, cita da comédia
de Menander, Thais. Certamente ninguém poderia supor que citações tais como
estas estabelecem a canonicldade ou de Arato ou de Menander. Pelo contrário, o
testemunho do Novo Testamento é multo decisivo contra a canonicidade dos
quatorze livros Apócrifos.
Virtualmente todos os livros do Antigo Testamento
são citados como sendo divinamente autorizados, ou pelo menos há alusão a eles
como tais. Embora acabe de ser esclarecido que a mera citação não estabelece
necessariamente a canonicidade, é inconcebível que os autores do Novo
Testamento pudessem ter considerado como canônicos os quatorze livros dos
Apócrifos Romanos, sem ter feito uso deles em citações ou alusões.
Os pais da igreja não citavam os apócrifos
Outro argumento
principal em favor dos Apócrifos é que os Pais Eclesiásticos citam estes livros
como sendo autoritativos. Será mais correto dizer que alguns dos escritores
cristãos antigos parecem fazer isto, enquanto outros tomam uma posição
destacadamente contra sua canonicidade. Entre os a favor estão os escritores de
1° Clemente e a Epístola de Barnabé, e mais notavelmente, o contemporâneo mais
jovem de Jerônimo, Agostinho de Hipona.
Porém esta defesa deve ser qualificada
como sendo apenas aparente ou presumida, pois já vimos como Judas
pôde citar Enoque como registrando uma narrativa verdadeira dum episódio único
sem necessariamente endossar o livro inteiro de Enoque como sendo canônico.
Quanto a Agostinho, sua atitude era um pouco não crítica, e inconsistente. De
um lado, lançou sua influência no Concilio de Cartago (397) em favor de incluir
os quatorze como sendo canônicos; de outro lado, quando um antagonista apelou
para uma passagem de 2° Macabeus para encerrar um argumento, Agostinho respondeu
que sua causa era deveras fraca se tivesse que recorrer a um livro que não era
da mesma categoria daqueles que eram recebidos e aceitos pelos judeus.
A pesquisas em tela foram feitas em vários
livros, sites e apontamentos pessoais e adaptado por Fernando Maio da Silva.
Colaboraram para esse artigo os seguintes sites:
http://www.icp.com.br