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quarta-feira, 14 de julho de 2021

AMOR FORÇADO É CONTRADIÇÃO DE TERMOS

 DEUS FORÇA O HOMEM A ACEITÁ-LO ?

 

No filme "O TODO PODEROSO", o personagem Bruce, interpretado pelo ator Jim Carrey, recebe os poderes de Deus, mas como é egocêntrico e egoísta, só pensa nele e as coisas dão todas erradas.

Na cena em questão, ele implora a sua ex-mulher que o ame e num gesto desesperado e nem mesmo com todo o poder a ele dado, ele não consegue  reconquistar o amor de Grace.

A cena, apesar de engraçada tem um pano de fundo: DEUS NÃO EXIGE O AMOR DE NINGUÉM, por que amor forçado é contradição de termos. Ele respeita a individualidade humana. Jesus disse:

E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.

Lucas 9:23

 

"E dizia a TODOS: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me". ( Lucas 9:23).

 

"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo".

Apocalipse 3:20

 

 

Finalmente, é importante ressaltar que, se o livre-arbítrio não conta, pois ele não existe segundo o Calvinismo, então a vontade do homem é violentada por Deus para que ele creia, a despeito do que ele creria caso tivesse o livre-arbítrio de aceitar ou rejeitar a graça divina. Como a graça é irresistível, torna-se impossível que o homem resista à graça. 

 

Ele sempre terá que aceitá-la, e essa aceitação não provém da própria vontade do homem, mas da eleição divina na eternidade.


É como um homem que força a sua amada a aceitar seu pedido de casamento, em contraste com um que a convida a se casar mas que a deixa livre para aceitar ou rejeitar este convite, dependendo da vontade dela. O problema é que amor forçado é contradição de termos, e que a Bíblia, por todos os lados, apresenta uma noção contrária ao uso de uma força irresistível para convencer alguém de algo. 

Já vimos o texto de Apocalipse 3:20, que mostra o oposto

Deus bate na porta como um gentil cavalheiro, esperando que a pessoa livremente decida abrir a porta do seu coração a ele. Ele não arromba, não chega entrando sem pedir permissão nem violenta a vontade do indivíduo para que ele abra. Até o apóstolo Paulo dizia a Filemom que “não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado” (Fm.14).  

 

Jesus, antes de curar o paralítico, perguntou-lhe:


“Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: ‘Você quer ser curado?’” (João 5:5,6)


Embora fosse óbvio que um paralítico iria querer ser curado e igualmente óbvio que a cura seria o melhor para ele, Jesus não foi operando a cura sem a permissão ou livre vontade do indivíduo. Ele primeiro perguntou se ele queria ser curado, e só depois de receber resposta positiva é que ele realizou a cura. 

Cristo nunca agiu contrário ao livre-arbítrio de uma pessoa, mas por meio do livre-arbítrio da pessoa. Ele não faz as coisas de forma unilateral e forçada.


Outro exemplo disso se encontra no relato da cura dos homens cegos:


“Dois cegos estavam sentados à beira do caminho e, quando ouviram falar que Jesus estava passando, puseram-se a gritar: ‘Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!’ A multidão os repreendeu para que ficassem quietos, mas eles gritavam ainda mais: ‘Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!’ Jesus, parando, chamou-os e perguntou-lhes: ‘O que vocês querem que eu lhes faça?’ Responderam eles: ‘Senhor, queremos que se abram os nossos olhos’. Jesus teve compaixão deles e tocou nos olhos deles. Imediatamente eles recuperaram a visão e o seguiram” (Mateus 20:30-34)


Era lógico que aqueles cegos estavam procurando Jesus porque queriam ver. Mesmo assim, ao invés de Jesus já ir curando, ele primeiro perguntou o que eles queriam que ele fizesse, e só depois dos cegos expressarem a vontade deles é que Cristo de fato agiu com a cura. 

 

O tempo todo vemos Deus respeitando a vontade do homem e não forçando a vontade do homem. C. S. Lewis já sabia disso quando disse:


“O Irresistível e o Indiscutível são duas armas que a própria natureza de Seu esquema O proíbe de utilizar. Subjugar simplesmente a vontade humana… não Lhe serve. Ele não pode arrebatar. Pode apenas convidar”[1]


Um amor forçado e irresistível destrói qualquer relacionamento. Um relacionamento só existe onde alguém é livre para amar ou não amar, e decide, por livre e espontânea vontade, amar. Mas se a vontade de um ser é violentada para que ele só possa amar, não há mais nenhum relacionamento sincero aqui. 

 

Ray Dunning bem observa:

“se os homens são peças que o Soberano Mestre em xadrez as move de forma unilateral e até excêntrica, o caráter pessoal da relação humano-divina é efetivamente eliminado”[2].


Roger Olson pergunta:


“Se os homens escolhidos por Deus não podem resistir à oferta de um relacionamento correto com Deus, que tipo de relacionamento é esse? Uma relação pessoal pode ser irresistível? Tais predestinados são, de fato, pessoas em um relacionamento assim?”[3]


 

Sobre a perspectiva de Armínio, ele também afirma:


“A preocupação de Armínio não residia apenas em não fazer de Deus o autor do pecado, mas também que a relação divino-humana não fosse meramente mecânica, mas genuinamente pessoal. Para ele, a doutrina do calvinismo rígido reduziu a pessoa a ser salva a um autômato e a relação divino-humana ao nível de relacionamento entre uma pessoa e um instrumento. Portanto, ele teve que dar espaço à resistência, mas ele não o fez de maneira tal a sugerir que a pessoa sendo salva se tornasse a causa da salvação”[4]


Chales Cameron também acentua que “a graça de Deus não é certa força irresistível (…) é uma Pessoa, o Espírito Santo, e em relacionamentos pessoais não pode haver a subjugação de uma pessoa por outra”[5]. 

 

 

Quem fala melhor do que ninguém sobre isso é Norman Geisler. Ele diz:

"O uso de força irresistível da parte de Deus contra Suas criaturas livres seria uma violação tanto da caridade de Deus como da dignidade dos seres humanos. Deus é amor. O verdadeiro amor jamais abre caminho à força. Amor forçado é rapto, e Deus não é um raptor!”[6]


 

Para ele, “uma força irresistível usada por Deus nas criaturas livres seria violação tanto do amor de Deus quanto da dignidade do ser humano. Deus é amor. E o verdadeiro amor nunca força ninguém, seja externa, seja internamente. ‘Amor forçado’ é contradição de termos”[7]. 

 

No Calvinismo, “o fato de alguma pessoa não ter escolhido amar, adorar e servir a Deus não fará nenhuma diferença para Ele. Ele simplesmente ‘se apodera’ dos que escolhe com seu poder irresistível e força-os a entrar em seu Reino, contra a vontade deles”[8].


Por fim, ele afirma:


“A ‘graça irresistível’ viola o livre-arbítrio daquele que não a deseja, pois Deus é amor (Jo 4.16), e o verdadeiro amor é persuasivo, mas nunca coercitivo. Jamais poderá haver um casamento forçado no céu. Deus não é como B. F. Skinner que, em sua teoria da conduta, modifica as pessoas fazendo que ajam contra a própria vontade”[9]
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[1] C. S. Lewis, As Cartas do Coisa-Ruim (Edições Loyola, 1982), p. 42.


[2] DUNNING, H. Ray. Grace, Faith, and Holiness. Kansas City, Mo.: Beacon Hill, 1988, p. 257-258.


[3] OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. Editora Reflexão: 2013, p. 48.


[4] OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. Editora Reflexão: 2013, p. 212.


[5] CAMERON, Charles M. “Arminius – Hero or Heretic?” Evangelical Quartely, n. 3. v. 64, 1192. p. 225.


[6] GEISLER, Norman. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 90.


[7] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 55.


[8] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 53.


[9] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 54.

 


Extraído do aplicativo CACP RESPONDE

Fonte original: “Calvinismo X Arminianismo: quem está com a razão?”

 

"sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho"

Filipenses 1:17