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sexta-feira, 29 de abril de 2022

SOBRE OS DECRETOS DE DEUS - Parte 1

 

Divulgação: insejecnovafriburgo.com.br/decretos


1) Os decretos de Deus são atos extrínsecos¹ dEle, embora sejam internos e, portanto, realizados pelo livre-arbítrio de Deus, sem nenhuma necessidade absoluta. No entanto, um decreto parece exigir a suposição de outro, devido a certa adequação de equidade, ou seja, o decreto a respeito da criação de uma criatura racional e o decreto a respeito da salvação ou condenação dessa criatura, observada a condição de obediência ou desobediência. O ato da criatura, ainda, quando considerado por Deus, na eternidade, pode ser, às vezes, a ocasião, e, às vezes, a causa instigadora externa da emissão de algum decreto, e pode acontecer que, sem tal ato [da criatura], o decreto não fosse ou não pudesse ser feito.


2) Pergunta: O ato da criatura pode impor uma necessidade a Deus, de emitir algum decreto, e, na verdade, um decreto de um tipo particular ou outro – e isto, não somente segundo algum ato a ser realizado, a respeito da criatura e seu ato, mas também segundo certo modo pelo qual esse ato deve ser realizado?


3)  É a mesma, e a mesma em número, a vontade com a qual Deus decreta alguma coisa e decide fazer ou permitir essa coisa, e pela qual Ele faz ou permite a mesma coisa que decretou.


4) Com respeito a um objeto que é o mesmo, e considerado uniformemente, não pode haver dois decretos de Deus, ou duas vontades, seja na realidade ou segundo alguma semelhança de uma vontade contrária – como a de salvar o homem sob algumas condições, e, ainda assim, desejar, precisa e absolutamente, condenar o mesmo homem.


5) Um decreto, por si mesmo, não impõe nenhuma necessidade de alguma coisa ou evento. Porém, existindo alguma necessidade, devido ao decreto de Deus, tal necessidade existe pela intervenção do poder divino e, na verdade, quando Ele julga apropriado empregar o seu poder irresistível para realizar o que decretou.



6) Portanto, não é correto dizer que “a vontade de Deus é a necessidade das coisas”.


7) Esta também não é uma expressão justa: “Todas as coisas acontecem, necessariamente, com respeito ao decreto humano”.


8) Da mesma maneira como há muitos decretos distintos que são concebidos por nós, devendo, necessariamente, ser concebidos, também há objetos que Deus decreta, ou há axiomas pelos quais tais decretos são enunciados.


9) Embora todos os decretos de Deus tenham sido formulados desde a eternidade, ainda assim é preciso estabelecer certa ordem de prioridade e posterioridade, conforme sua natureza e a relação mútua entre eles.


Extraído das Obras de Armínio, vol 2, págs 567, 568


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1. Que não pertence à essência de algo; que é exterior.




"...sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".
Filipenses 1.17



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