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quinta-feira, 3 de março de 2022

O canto do galo que Jesus mencionou foi da ave?

 O CANTO DO GALO


Divulgação: https://pt.dreamstime.com/ilustração-stock-canto-do-galo-image

A famosa passagem da negação de Pedro, consta nos quatro Evangelhos sendo as seguintes: 


Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
(Mateus 26:34)


E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
(Mateus 26:75)


E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás.
(Marcos 14:30) 


Assim versa a Bíblia de Jerusalém: "[...] "E foi para fora, para o pátio anterior. E um galo cantou". (Marcos 14:68).


Diz a nota da referida Bíblia sobre o versículo:

《Esse primeiro canto do galo, que não despertou Pedro e a falsa saída que segue, são estranhos e fazem supor uma narração primitiva que não continha outra coisa a não ser a negação, o canto do galo e a saída. 

Sua composição, a partir de duas narrações paralelas procedentes de outras tradições, produziu o número tradicional de três negações (14:30 - p.p. 14:72,cf. João 13:38 - 21:15-17).

A combinação dos textos sensível em Marcos, é velada em Mateus e Lucas,que suprimiram o primeiro canto do galo e atenuaram(Lucas omite) a primeira falsa saída, a qual porém, permanece sugerida pela separação em João da primeira negação (18:17) e das outras duas(18:25-27)》. 

Bíblia de Jerusalém, Nova Edição,  Revista e Atualizada, págs 1782  1783.


Como podemos observar nenhuma referência a um possível  toque de trombeta como querem sugerir alguns "estudiosos".


E o galo cantou segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe tinha dito: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E, retirando-se dali, chorou.
(Marcos 14:72)


Mas ele disse: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes negues que me conheces.
(Lucas 22:34)


E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro, e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Antes que o galo cante hoje, me negarás três vezes.
(Lucas 22:61)


Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo que não cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.
(João 13:38)


Infelizmente podemos encontrar na internet muitos artigos que distorcem a realidade dos fatos e , além de alguns “estudiosos” e até teólogos renomados, como o Pr. Elias Soares, por exemplo que em sua obra intitulada: “Perguntas difíceis responder” – 2ª Edição, na página 123, sobre o referido episódio comenta o seguinte:

 

"é razoável suporque, “o cantar do galo”, referido por Jesus nos evangelhos longede ser o canto de uma ave, mas sim o toque das trombetas dos soldados romanos que anunciavam a troca de turno”. (pág  123) 

(longe de ser ? Como assim longe de ser ???)


Além disso, os estudiosos afirmam que existe uma teoria que era proibido criar galinhas em Jerusalém, afirmação que não se confirma historicamente.

 

Lamentavelmente um teólogo renomado como o referido Pr, se valer de conjecturas pra tentar apoiar uma teoria, revela o quão pobre é a nossa teologia.


Outros estudos sobre o canto do galo utilizam da expressão 《pode serque não seja o canto de uma ave, mas PODE SE REFERIR, à sons emitidos por qualquer instrumento musical, como o toque de uma trombeta por exemplo.

 

Não é de se admirar que calvinistas acusem os Pentecostais de não estudarem. Esses são exemplos clássicos.

 

Porém, com facilidade se refuta o que diz a aludida obra, entre outros artigos na internet. Convém salientar ainda, que o presente artigo não tem por objetivo atacar pessoas, mas debater ideias, REFUTAR o que esse Blog, segundo a orientação do Espírito Santo entende como errado e trazer luz sobre temas polêmicos.


Para tanto, basta só um pouco de boa vontade e pesquisa, mesmo sendo um Pentecostal, por que pentecostais também estudam.


Esse blog acredita piamente que o canto do galo trata-se do canto da ave mesmo, do galináceo e exponho os motivos.


Na obra, "Jerusalém no tempo de Jesus" lemos o seguinte sobre o episódio:




"De onde faziam vir os animais?"

Jerusalém contava com diversos mercados de animais, uns para os profanos e outros para o destinados aos sacrifícios.

1. Um deles só vendia animais vivos.

2. Outro comerciava animais cevados, sendo explicitamente um mercado de carne. Aí se vendiam galinhas também.

Aos mercados de animais profanos acrescentavam-se os mercados de animais para os sacrifícios.* (Sobre esse comentário a referida obra trás a seguinte nota):



* Segundo B. Q. Vil 7; Tos. B. Q. VIII 10 (361, 29); b. B. Q. 82b, a criação de galinhas era proibida em Jerusalém. Temia-se, com efeito, que as galinhas, ao ciscar, pusessem à luz coisas impuras. Em contrapartida, encontramos referência de um galo em Jerusalém; cantou na hora da negação de Pedro (Mc 14,72; Mt 26,74; Lc 22,60; Jo 18,27). Segundo a Mishna, o canto do galo seria, no Templo, como ponto de referência: "Ao canto do galo, tocavam-se as trombetas” (Sukka V 4, cf. Tamid V 4, cf. Tamid I 2 e Yoma I 8). Uma só vez a Mishna menciona um galo de Jerusalém e assim mesmo num contexto lendário. R. Yuda ben Baba, segundo ‘Ed. VI 1, declarou: "Apedrejaram um galo em Jerusalém, porque ele matara um homem” (dizem que com o bico, furara o crâneo de uma criança). Em suma, podemos afirmar que se criavam galinhas em Jerusalém. A pretensa proibição de criá-las não é mais digna de crença do que as outras proibições mencionadas nessa passagem de b. B. Q. 82b (cf. supra, pp. 16 e 63). Tos. B. Q. VIII 10 (361, 29) traz uma confirmação: a criação daquelas aves é permitida se, para ciscar, elas tiverem um jardim ou um monte de esterco. Mencionam a esse respeito, a existência de jardins em Jerusalém (supra, p. 62); confirma, pois, a inverossimilhança de b. B. Q. 82b e passagens paralelas.¹
[ênfases minha]
_______________________________________________________
1. Jerusalém no tempo de Jesus: Pesquisa de história, econômico-social no período neotestamentário / Joachim Jeremias; [tradução de M. Cecília de M. Duprat; revisão de Honório Dalbosco ], — São Paulo: Edições Paulinas, 1983, pág. 69 e 70. 


Em outra obra intitulada: 《A Enciclopédia da vida de Jesus》sob o título AS AVES QUE COMPUNHAM O CENÁRIO BÍBLICO, afirma o seguinte:




As aves mencionadas pelos evangelistas, como também pelos escritores sagrados em geral, são vistas ainda com muita frequência na região de Jesus. Existiam pássaros de toda espécie que viviam nos campos e nas matas; havia pombos, galos, galinhas, corvos que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta (Lc 12.24); estes eram o transtorno dos agricultores. Havia também um exército terrível de aves de rapina que aparecia conforme o registro no evangelho (Mt 24.28), onde quer que se encontrasse um cadáver.²
[ênfases minha]

________________________________________________________
2. Enciclopédia da vida de Jesus / Louis-Claude Fillion 1ª edição: Setembro/2004 - 2 volumes, págs 22 e 23


Por fim, o conceituado Dicionário Wycliffe. 


Afirma que o GALO era sinal de fertilidade e que nos casamentos 《OS JUDEUS - carregavam um casal, um GALO e uma galinha à frente dos noivos. Diz a referida obra:


Galinha Doméstica, Gallus gallus domesticus. As aves domésticas são provavelmente originadas da galinha da floresta vermelha da Índia. Elas parecem ter sido conhecidas já nos tempos do AT (Pv 30.31, na versão RSV em inglês; não o “galgo”, da versão KJV). O sinete de Jazanias (cf. 2 Rs 
25.23) datando de 600 a.C. leva a figura de 
um galo de briga; sendo foi encontrado em Tell 
en-Nasbeh, o local da antiga Mispa.

As aves domésticas eram consideradas um 
símbolo de fertilidade. Os judeus carregavam 
um galo e uma galinha na frente dos casais 
de noivos. O galo(ave) ainda é usado como um 
cronometrista e relógio despertador nos países orientais (cf. Mt 26.34). Veja Cantar do 
Galo. A preocupação materna da galinha era 
familiar aos ouvintes de Jesus (Mt 23.37). A 
referência em Neemias 5.18 às galinhas ou 
aves domésticas para a mesa de Neemias é 
provavelmente de caça selvagem.³
[ênfases minha]

_________________________________________________________
3. Dicionário Wycliffe, CPAD, pág 126



Outras obras, como NOVA CHAVE LINGÜÍSTICA DO NOVO TESTAMENTO GREGO - VOCABULÁRIO GREGO - VOL I - bem como o DICIONÁRIO VINE, entre outras renomadas obras corroboram que o canto do GALO era da ave sim.

Interessante mencionar o episódio onde Jesus faz uma analogia da rejeição à Deus por parte do povo de Israel durante a história e como Deus queria os acolher, com a figura de uma galinha que queria ajuntar seus filhinhos de baixo de suas asas.

Ele traça um paralelo e faz uso de animal muito bem conhecido pelo povo judeu, para ilustrar uma verdade.

Jesus durante seu ministério por diversas vezes fez ilustrações similares como essa de situações corriqueiras e que o povo estava habituado e por isso entendiam com facilidade.






CONCLUSÃO


Diante do exposto, fica claro que Pedro quando negou Jesus ouviu LITERALMENTE o canto da ave: O GALO, no caso, e que a teoria de que o canto do galo pudesse ser o toque das trombetas quando tocadas pelos soldados romanos, não passa de mera especulação e conjecturas. Existe sim uma associação com o toque das trombetas: Os soldados ao ouvir o canto do galo, tocavam suas trombetas, mas não que o canto do galo seja o toque das trombetas dos soldados romanos. 

Ou seja, a referência de que o canto do GALO não era da ave é improcedente historicamente falando.


"...sabendo que fui posto para a defesa do evangelho"
Filipenses 1:17

2 comentários:

  1. Ficou top meu irmão. Espero que em breve minha contribuição possa enriquecer mais o artigo e a exposição das referidas passagens.

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    Respostas
    1. Paz seja convosco amado !

      Será uma honra. Obrigado pela visita e palavras.

      Deus abençoe 🙏

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