O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
Antes da ressurreição de Cristo
Para compreender os ensinos bíblicos sobre o lugar para onde vão os mortos é necessário observar o texto original em hebraico do AT, e o original grego do NT. A palavra SHEOL, no AT, eqüivale em sentido a HADES, no NT. Diferem na forma porque a primeira é hebraica e a segunda é grega. Ambas designam o lugar para onde, nos tempos do AT, iam todos após a morte: justos e injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mortos, uma divisão para os justos e outra para os injustos, separados por um abismo intransponível. Todos estavam ali plenamente conscientes. O lugar dos justos era de felicidade, prazer e segurança. Era chamado “Seio de Abraão” e “Paraíso”. Já o lugar dos ímpios era (e é) medonho, cheio de dores, sofrimentos, estando todos lá, plenamente conscientes.
No NT há três palavras diferentes, no grego, que são traduzidas pela palavra INFERNO em português. O Inferno, segundo Lucas 16.22,23, por exemplo, é tradução da palavra grega HADES. Por outro lado, o Inferno, segundo Mateus 23.33 é tradução do grego GEENA, enquanto que o Inferno conforme 2ª Pedro 2.4, é tradução de TÁRTARO. Em cada versículo, o significado varia no original quanto ao lugar ocupado pelos espíritos dos mortos.
Depois da ressurreição de Jesus
Antes de morrer por nós, Jesus prometeu que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). Isto mostra que os fiéis de Deus, a partir dos dias de Jesus, não mais descerão ao Hades, isto é, à divisão reservada ali para os justos. O texto em apreço indica futuridade em relação à ocasião em que foi proferido por Jesus. A mudança ocorreu entre a morte e a ressurreição do Senhor, pois Ele disse ao ladrão arrependido: “... hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).
Sobre o assunto, diz o apóstolo Paulo: “... Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?”
(Efésios 4.8,9)
Entende-se, pois, que Jesus, ao ressuscitar, levou para o Céu os crentes do AT que estavam no “Seio de Abaão”. Jesus ressuscitou muitos desses crentes por ocasião da Sua morte, certamente para que se cumprisse o tipo prefigurado na Festa das Primícias (Lv 23.9-11), que profeticamente falava da ressurreição de Cristo (ICo 15.20,23). Nessa festa profética havia pluralidade (o texto bíblico fala de “molho” ou “feixe”). Logo, no seu cumprimento deveria haver também pluralidade. E houve, conforme vemos em Mateus 27.52,53. A obra redentora de Jesus no Calvário alcançou não só os vivos, mas também os mortos que dormiam no Senhor.
O
apóstolo Paulo foi ao Paraíso, o qual está no terceiro Céu (2Co 12.1-4).
Portanto, o Paraíso está agora lá em cima, na imediata presença de Deus. Não
embaixo, como dantes. A mesma coisa vê-se em Apocalipse 6.9,10, onde as almas
dos mártires da Grande Tribulação permanecem no Céu, “debaixo do altar”, aguardando
o fim desse período para ressuscitarem (Ap 20.4) e ingressarem no reino milenar
de Cristo.
Os
crentes que agora dormem no Senhor estão no Céu, pois o Paraíso está lá agora,
como um dos resultados da obra redentora do Senhor Jesus Cristo (2Co 5.8). No
momento do arrebatamento da Igreja, seus espíritos virão com Jesus, unir-se-ão
a seus corpos ressurretos e subirão com Cristo,já glorificados.
A Bíblia não mais se refere ao Paraíso como estando “embaixo”, depois
que Cristo subiu para o Céu. Desse ponto em diante, todas as referências no NT
falam da localização do Paraíso como estando “em cima” ou “no alto”.
Na manhã da ressurreição, antes de Cristo permitir que Maria Madalena ou os discípulos O tocassem, Ele desceu ao SHEOL onde libertou os mortos justos que estavam no Paraíso (seio de Abraão) e transferiu-os para um ponto situado nos lugares celestiais. Foi nessa ocasião que Ele “levou cativo o cativeiro” ou a multidão de almas cativas dos mortos justos esperando no SHEOL/HADES pela consumação da obra de Cristo.
Conforme vimos, quando morre, o crente não vai mais para o HADES
e, sim, vai estar com Cristo. Paulo disse que deseja “partir e estar com
Cristo”. Em 2ª Coríntios 5.6-8, o apóstolo é enfático ao expressar sua
confiança de que estar “ausente do corpo” na morte é estar “presente
com o Senhor”.
Portanto, os mortos justos estão “presentes conscientes com Cristo agora",
ou seja, estão onde Cristo está. Onde Cristo está? Sabemos que o Senhor não está
no HADES porque a Bíblia diz a respeito de Cristo que Sua alma não foi
deixada no HADES. Onde Ele está então? Dezenas de referências bíblicas
nos declaram que Ele ascendeu ao Céu e está à direita de Deus (Rm 8.34, Hb
1.3). E todos os que morrem salvos estão com Ele no Céu.
A presente situação dos ímpios mortos
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Cena do Filme: Constantine |
Para os ímpios mortos não houve qualquer alteração quanto ao seu estado. Continuam descendo ao Hades, o “império da morte”, onde ficarão retidos em sofrimento consciente até o Juízo do Grande Trono Branco, após o Milênio, quando ressuscitarão para serem julgados e lançados no Inferno eterno (Ap 20.13-15).
Assim, qualquer fantasma ou “alma do outro mundo” que se afirmam aparecer
por aqui é coisa diabólica, porque do HADES não sai ninguém. E uma prisão,
cuja chave está com Jesus (Ap 1.18). Alma do outro mundo não vem à Terra, pois
os salvos estão com Jesus e os perdidos estão presos. Satanás, sim, por
enquanto está solto e sabe imitar e enganar com muita habilidade.
Em Ezequiel 32.17-32, no chamado “rol das nações ímpias no
Hades”, vemos os ímpios mortos das nações ali referidas postos no HADES.
Esta passagem é sumamente importante em face dos fatos que estamos
abordando. Portanto, é necessário que você a leia na íntegra.
O estudo comparativo de passagens bíblicas como 1 Pedro 3.18-20 e
Atos 2.27,31 mostra que a vitória de Cristo foi anunciada até no HADES, o Reino
dos mortos. Todo o universo tomou conhecimento da vitória transcendental de
Jesus na Sua morte e ressurreição.
A sorte do incrédulo é selada durante sua vida terrena. Ele sabe
qual é o seu destino eterno e apenas aguarda o julgamento e a justiça de Deus
para ser “lançado fora” e sua sentença começar a vigorar.
CONCLUSÃO
Os justos estão com
Deus
Em Filipenses 1.23, Paulo falou de partir e estar com Cristo. Referia-se ao dilema que tinha quanto ao morrer ou continuar vivo. Reconhecia que, continuar nesta vida significava muito sofrimento, mas o terminar desta vida significava uma partida imediata para a presença de Cristo.
Os justos estão no
paraíso
Conforme Apocalipse 2.7, àquele que vencer, Cristo concederá o privilégio de comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus”. Ainda que não seja usado o termo “paraíso” em Apocalipse 22.1,2, é provável que a ideia seja a mesma. Nessa passagem, a “árvore da vida” aparece ao lado do rio da água da vida, e o quadro total é de um paraíso ou jardim de bem-aventurança.
Os justos estão vivos
e conscientes
Os justos desincorporados estão vivos e conscientes. Ainda que o NT ensine que há um estado desincorporados durante o intervalo entre a morte e a ressurreição, em parte alguma deixa transparecer a ideia de que esse estado seja de animação suspensa ou de inconsciência.
Várias passagens bíblicas nos ajudam a compreender isso. Mateus 22.32
registra que Jesus declarou aos saduceus que Deus é Deus dos vivos. Sua declaração
foi feita em referência às palavras dirigidas a Moisés na ocasião da sarça
ardente: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.”.
Jesus interpretou essa declaração como significando que Deus estava
dizendo: Abraão, Isaque e Jacó morreram há muito tempo, porém eles continuam
vivos. Deus não falou; Eu fui o Deus de Abraão... EU SOU... ou seja, EU CONTINUO SENDO O DEUS DE ABRAÃO...
Os justos estão em
descanso
Esta declaração se baseia nas palavras de Apocalipse 14-13: “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham”.
A ideia principal do termo “descanso” é de
refrigério depois do labor. Os que morrem no Senhor são descritos estando em um
estado de bem-aventurança, porque entram numa experiência de regozijo,
aliviados das lutas desta vida.
Mais do que isto, suas obras não param quando eles morrem, mas
continuam produzindo efeitos até o dia em que serão abertos os livros (Ap
20.12).
O estado dos ímpios falecidos
As passagens do NT que tratam dos injustos no estado
desincorporado são menos numerosas do que as que se referem aos justos. Porém,
as poucas passagens que se relacionam com este tópico conduzem a várias conclusões:
Lucas 16.23 relata que:
a) Os ímpios falecidos estão num lugar fixo.
b) Os ímpios falecidos continuam vivos e conscientes.
c) Os ímpios falecidos estão separados de Deus.
2 Pedro 2.9 afirma que:
Os ímpios falecidos estão reservados para o castigo eterno.
Portanto, o ensino de que os mortos (justos ou ímpios) se encontram na
sepultura, em sono profundo e em estado de inconsciência, como ensinam o
Adventismo do Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová, por exemplo, não encontra
apoio nas Escrituras.
Quando a Bíblia usa a expressão que as pessoas que morreram estão
dormindo, é uma figura de linguagem chamada EUFEMISMO e se refere ao estado do
corpo e não da alma.
Estudo extraído do livro ESCATOLOGIA BÍBLICA - DEUS REVELA O FUTURO de autoria de ANTONIO GILBERTO DA SILVA, adaptado para o Curso de Teologia da EETAD - Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus, págs 3 à 10.
"...sabendo que fui posto para a defesa do Evangelho".
Filipenses 1:17
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